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Pagú e Vicente de Carvalho
Pagu e Vicente de Carvalho Texto publicado em 06 de Julho de 2010 - 04h17 |
por Alessandro Atanes * |
Vou aproveitar o centenário de Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), e as recentes manifestações iniciadas pelo escritor Flávio Viegas Amoreira no jornal A Tribuna sobre a preservação do casarão onde morreu Vicente de Carvalho (1866-1924) para lembrar dois artigos que a musa do modernismo escreveu sobre o poeta do mar.
Os dois epítetos acima são, claro, dois lugares comuns, estereótipos. Patrícia foi bem mais que musa e o mar, apesar de grande espaço ocupado na escrita de Vicente de Carvalho, não encerra inteiramente sua poesia. Aos artigos, pois:
Em 21 de julho de 1957, sob o pseudônimo Mara Lôbo, Patrícia publica em A Tribuna Vicente de Carvalho o poeta, em que traça um lugar único para o escritor que produziu em um momento peculiar, de transição entre o simbolismo e o parnasianismo de fins do século XIX e o modernismo brasileiro, que tem seu marco zero na Semana de Arte Moderna de 1922.
Cronologicamente, Vicente de Carvalho encerra a poesia imediatamente anterior à revolução modernista. Na poesia, ele tem o mesmo papel de Monteiro Lobato no conto e de Lima Barreto no romance. Naturalmente, cada um com as suas características próprias...
Livre das escolas e movimentos, Vicente de Carvalho, continua Mara Lôbo, pôde desenvolver um estilo único que não tem igual mesmo entre seus contemporâneos internacionais. Resultado disso é seu Poemas e canções, de 1908, momento "definitivo":
Sua cristalização poética é extraordinária. Vicente de Carvalho não se deixa influenciar a não ser por uma responsabilidade total do momento que vivia, e sua poesia toda está contida nos versos do livro admirável (...)
Para ilustrar, Palavras ao Mar, que o próprio Flávio Viegas Amoreira destacou em artigo recente sobre Vicente de Carvalho no qual destaca, assim como Patrícia, seu lugar único, "nem parnasiano, nem pós-simbolista ou pré-modernista, foi essencialmente ele".
Mar, belo mar selvagem Das nossas praias solitárias! Tigre A que as brisas da terra o sono embalam, A que o vento do largo erriça o pêlo ! Junto da espuma com que as praias bordas, Pelo marulho acalentada, à sombra Das palmeiras que arfando se debruçam Na beirada das ondas a minha alma Abriu-se para a vida como se abre A flor da murta para o sol do estio.
Em 19 de abril de 1959, a três dias do aniversário de sua morte, Patrícia (novamente como Mara Lôbo) volta ao poeta para tratar de uma homenagem que a Academia Santista de Letras preparava para Vicente de Carvalho.
Como dizia, não suporto Academia; não só por causa da "santista"; a "brasileira" também não me merece consideração alguma a "francesa" idem. Trata-se bem de alergia ao acadêmico; ao que o acadêmico representa de morto. Mas, viva a Academia que comemora o Vicente de Carvalho!
Engraçado, se não fosse trágico, que Patrícia lamente que os 50 anos do Poemas e canções tenham passado " quietos na mediocridade dos dias". Pior que o centenário, comemorado no ano passado, também ficou sem lembrança além de um texto nesta coluna (A atualidade de Vicente de Carvalho e de seus poemas e canções e outros artigos analisando a obra ou lamentando sua não republicação) e uma reportagem em A Tribuna. A única editora comercial da cidade, nem as duas editoras universitárias e nem a prefeitura não republicaram no centenário de seu mais importante livro o "maior poeta da terra santista", para acabar com outra frase de Patrícia Galvão/Mara Lôbo.
Referências Patrícia Galvão (como Mara Lôbo). Vicente de Carvalho o poeta. Literatura. A Tribuna: Santos, 21/07/1957.
Patrícia Galvão (como Mara Lôbo). Uma data: Vicente de Carvalho. Literatura. A Tribuna: Santos, 19/04/1959. |
Pagú e Italo Calvino
Pagu e Italo Calvino Texto publicado em 13 de Julho de 2010 - 01h09 |
por Alessandro Atanes * |
http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=30558 |
Embalado com o centenário de Patrícia Galvão, a Pagu, volto a seus textos críticos. Na semana passada mostrei o que a intelectual, por meio do pseudônimo Mara Lôbo, havia escrito sobre Vicente de Carvalho. Hoje, destaco o que ela escreveu sobre um de meus autores preferidos, Italo Calvino (1923-1985).
Em 10 de julho de 1960, Mara Lôbo publica na coluna Literatura, do jornal A Tribuna, o artigo Literatura em livro de bolso: I. Calvino, no qual comemora a publicação em português de O atalho dos ninhos de aranha, seu primeiro livro, de 1947, em edição de bolso da Portugália Editora, de Portugal.
Aí nota-se como Patrícia mantinha-se atualizada, citando ainda conhecer O barão nas árvores (1957), que ela chama de Barão Rampante, e O cavaleiro inexistente (1959), que trata no original italiano (Il Cavaliere inesistente). Além dessas três obras, Calvino havia publicado ainda em 1952 O visconde partido ao meio.
A colunista conta que o O atalho dos ninhos de aranha fez Calvino conquistar um espaço importante na literatura italiana no pós-guerra ao tratar do combate de partigianos, dos quais o autor fez parte, contra alemães e fascistas na Ligúria Ocidental. Mas, para ela, o melhor viria com sua obra posterior:
Calvino, que vinha de uma história viva e real, recordando seus companheiros de Brigada, lança-se aqui a outro plano, o de uma transposição mitológica, para o que concorreu a feitura de outro romance, "Il Cavaliere Inesistente", que Calvino realizou após tentar o gênero do conto filosófico e muso do século dezoito... Como se vê, o escritor não fica no plano de um realismo próximo, mas busca e pesquisa, e daí esse "Barão rampante", que é um livro já seu, já originalmente trabalhado e sem filiações fáceis, como o seria se ele tivesse se mantido na linha dos grandes contos, tipo chamisso, do "Homem que perdeu a sombra".
Mara Lôbo enumera as qualidades de Calvino que tanto faria a alegria de leitores em todo o mundo nos anos seguintes: agilidade mental, utilização dos recursos do humor no sentido inglês do termo e uma divagação cheia de poesia e fantasia. E conclui:
Sem dúvida, os trinta e poucos anos de Italo Calvino amadureceram na guerra, e este romance de Ligúria em guerra será um dia esquecido. Mas, com ele, Calvino ganhou celebridade e avança para produzir seu livro original, que o " Barão rampante" já anuncia mais nitidamente. O livro de bolso realiza a missão de renovar os títulos e apresentar nomes que doutra forma demorariam muito a chegar à língua portuguesa. E com isto a literatura toda recebe novas contribuições.
Pós escrito Leio o artigo sobre Calvino e os da semana passada sobre Vicente de Carvalho por causa de pesquisa de Márcia Costa, minha companheira, que escreveu uma dissertação de mestrado sobre o trabalho jornalístico de Patrícia Galvão em A Tribuna. Parte do artigo está reproduzido em Viva Pagu: Fotobiografia de Patrícia Galvão, de Lúcia Maria Teixeira Furlani e Geraldo Galvão Ferraz, lançado agora no início de julho, uma contribuição à história cultural de Santos e do Brasil. Voltarei ao livro em outra oportunidade.
Referências Patrícia Galvão. Literatura em livro de bolso: I. Calvino. Literatura: A Tribuna, 10 de julho de 1960.
Lúcia Maria Teixeira Furlani e Geraldo Galvão Ferraz.Fotobiografia de Patrícia Galvão. Santos e São Paulo: Unisanta e Imprensa Oficial de São Paulo, 2010. |
Pagu insurgente que combateu distames varguistas
Patrícia Galvão: uma insurgente que combateu os ditames varguistas, misóginos, iconoclastas do século XX.http://brochurasdeumamenina.blogspot.com/2010/07/patricia-galvao-uma-insurgente-que.html
(Ludimila Moreira Menezes)
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Casa das Rosas dedica os meses de junho e julho ao centenário de nascimento de Pagu:
Fonte: Casa das Rosas
PAGU 100: Julho e julho de 2010
Nos meses de junho e julho, em celebração ao centenário de nascimento de Patrícia Galvão (1910-1962), a Casa das Rosas visita Pagu. Convidamos a todos para participarem das diversas atividades, apresentações, oficinas, reflexões e releituras das múltiplas facetas dessa poeta, intelectual, militante política e jornalista. Acompanhe a programação e conheça um pouco mais da história, obras e pensamento de Pagu.
Rudá K. Andrade
EVENTOS ESPECIAIS
100 ANOS DE PAGU
Com dra. Lúcia Maria Teixeira Furlani e Frederico Barbosa.
Quarta-feira, 9 de junho, 18h.
Apresentação da programação do centenário de Patrícia Galvão e leitura de textos inéditos pela atriz Miriam Freeland.
ADMIRÁVEL PARQUE INDUSTRIAL
Com Lívio Tragtenberg.
Sextas-feiras, 11 e 18 de junho; 16 e 23 de julho, 20h às 21h.
Uma rapsódia de transfiguração sonora e visual a partir do romance Parque industrial (1933), de Patrícia Galvão, com vídeos, música e voz ao vivo. Vídeos de Roberto Moreira e Georgia Costa.
ANGU DE PAGU
Sábados, 24 e 31 de julho, 20h.
O espetáculo conta a história de diversas "Pagus" em seis momentos marcantes de sua vida.
Direção e concepção: Gal Martins.
Intérpretes-criadores: Cléia Varges, Felipe Santana, Jean Valber, Barbara Santos, Lenny de Sousa, Marcela Teixeira, Mazé Soares, Rodrigo Cândido e Welton Silva.
Coreografia: Gal Martins e intérpretes-criadores.
Coreógrafo convidado: Antonio Marques.
Assistência de coreodramaturgia: Adriana Coldebella e Siva Nunes.
Preparação corporal: Érika Moura.
Orientação de pesquisa biográfica: Gisleide dos Santos.
Trilha sonora: Gunnar Vargas.
Figurino: Gisleide dos Santos.
Produção: Marina Hohne.
Adaptação de textos: Siva Nunes e Welton Silva.
Fotos: Érick Diniz.
PROJETO REVISTA CULTURAL
Com Os Babilaques.
Sábado, 26 de junho, 20h.
A primeira "Edição Especial da Revista Cultural" será dedicada a Pagu, uma das pessoas mais controvertidas e intensas do século XX.
Sexta-feira, 30 de julho, 20h.
No mês de julho, show especial dedicado inteiramente aos poetas marginais contemporâneos.
MESAS-REDONDAS
PAGU NO CINEMA
Com Rudá K. Andrade e Pedro Paulo Rocha.
Terça-feira, 22 de junho, 20h às 21h30.
PAGU NO JORNALISMO
Com Márcia Costa e Juliana Neves.
Terça-feira, 29 de junho, 20h às 21h30.
PALESTRAS
PAGU NA DRAMATURGIA
Com Christiane Tricerri.
Terça-feira, 8 de junho, 20h às 21h30.
Discussão sobre o interesse de Pagu pelo teatro nos últimos dez anos de sua vida.
PAGU: TRAVESSIA PARA DIFERENTES PAIXÕES
Com dra. Lúcia Maria Teixeira Furlani.
Terça-feira, 15 de junho, 20h às 21h30.
Os vários momentos de Pagu como musa da terceira geração do Modernismo brasileiro, política militante, dissidente política, jornalista e escritora.
*Esse texto tem que sair
REVELAÇÕES DE PAGU: EM TORNO DE ESCRITOS AUTOBIOGRÁFICOS
Com Gênese Andrade.
Terça-feira, 6 de julho, 20h.
Reflexões sobre a autobiografia, as fronteiras entre ficção e confissão, tomando a vida e a obra de Pagu como exemplo.
PAGU
Com Maria de Lourdes Eleuterio.
Terça-feira, 13 de julho, 20h.
A atuação de Pagu como jornalista e desenhista do jornal O Homem do Povo (março/abril de 1931).
O JORNALISMO DE PAGU
Com K. David Jackson.
Domingo, 1º de agosto, 20h.
O jornalismo de Pagu durante 30 anos de atuação em São Paulo e Santos.
EXPOSIÇÃO
VIVA PAGU
Curadoria: dra. Lúcia Maria Teixeira Furlani.
Colaboração: Geraldo G. Ferraz e Rudá K. de Andrade.
De terça-feira, 1º de julho, a domingo, 8 de agosto.
Abertura: 1º de julho, 20h.
Em 2010, Pagu completaria 100 anos. Em sua homenagem, a Casa das Rosas, em parceria com a Universidade Santa Cecília, de Santos, recebe a exposição "Viva Pagu". Na abertura, será lançado o livro Viva Pagu Fotobiografia de Patrícia Galvão, de Lúcia Maria Teixeira Furlani e Geraldo Galvão Ferraz (Unisanta e Imprensa Oficial)
CURSOS BIMESTRAIS
30 vagas.
Inscrições na recepção da Casa das Rosas, de terça-feira a domingo, das 10h às 18h. Documentação necessária: Foto 3x4; xerox do RG e do comprovante de residência. Com entrega de certificado (mínimo de 70% de frequência). Taxa: R$ 10,00.
LITERATURA E POLÍTICA: A OBRA DE PAGU
Com Bianca Ribeiro.
Terças-feiras, 1, 8, 15 e 22 de junho, 19h30 às 21h30.
O curso tem como objetivo a análise da obra literária e dos textos jornalísticos de Patrícia Galvão.
FACE A FACE COM PAGU
Com Susanna Busato.
Sábados, 19 e 26 de junho; 3, 10 e 17 de julho, 15h às 17h.
Encontros com Pagu para aqueles que não a conhecem e desejam descobrir as faces dessa mulher. No dia 3 de julho, haverá a exibição do filme Eternamente Pagu.
MEIO-DIA MOVIOLA
CINE PAGU
Quintas-feiras, 8, 15, 22 e 29 de julho, 12h30.
Filmes indicados para maiores de 18 anos.
8 Eh, Pagu, eh.
15 Pagu livre na imaginação, no espaço e no tempo.
22 e 29 O homem do pau-brasil.
Agencia Patricia Galvao
100 anos de Patrícia Galvão
No âmbito da cobertura sobre o centenário de nascimento de Patrícia Galvão, também conhecida como Pagu, a Agência Patrícia Galvão acompanha a divulgação de informações sobre alguns eventos promovidos em homenagem à artista e ativista política.
(Folha de S.Paulo) Deu na Ilustríssima (04/07/2010):
VIVA PAGU
A vida da escritora Patrícia Galvão (1910-62), musa dos modernistas, é o tema desta fotobiografia organizada por seu filho Geraldo Galvão Ferraz e por Lúcia Maria Teixeira Furlani. Com base no livro, exposição na Casa das Rosas (até 8/8) reúne manuscritos inéditos, fotografias e cartas da escritora.
Imprensa Oficial / Unisanta 348 págs. | R$ 90
(O Estado de S. Paulo) "Aos 20 anos, militante, incendiou o bairro do Cambuci em protesto contra o governo provisório. E, aos 21, tornou-se a primeira mulher presa no Brasil por motivos políticos, substituindo num comício comunista um amigo estivador, morto em seu braços pela polícia. Essa foi Patrícia Galvão, diva do movimento modernista brasileiro cujo centenário de nascimento é comemorado hoje com a abertura da programação Viva Pagu, no Centro de Estudos Pagu Unisanta, em Santos.A programação do centenário envolve várias cidades, entre elas Santos, Paraty (na Flip) e São Paulo (nesta quinta, 9, serão apresentadas cartas inéditas suas na Casa das Rosas). No dia 1º de julho, no mesmo local, será lançado o livro Viva Pagu - Fotobiografia de Patrícia Galvão, de Lúcia Maria Teixeira Furlani e Geraldo Galvão Ferraz, seguido de uma exposição com imagens raras da também pioneira escritora militante: é dela o primeiro romance proletário publicado no Brasil, Parque Industrial (1931).
A fotobiografia, com documentos inéditos, será seguida (no fim do ano) por uma coleção de quatro livros que reúne toda a produção jornalística de Pagu. Associada à figura da extravagante garota que conquistou o inventor do modernismo e depois virou militante comunista, Pagu, parente de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, foi amiga de intelectuais como Borges e Breton. ela morreu em 1962 e traduziu autores importantes (Ionesco, Arrabal), formando dramaturgos como Plínio Marcos." Acesse essa matéria: 100 anos de Pagu, musa do modernismo (O Estado de S. Paulo - 09/06/2010)
Centenário de Pagu tem série de eventos
(Folha de S.Paulo - 09/06/2010) A partir de hoje, às 18h, a Casa das Rosas apresenta uma programação dedicada à historia, obra e pensamento de Patrícia Galvão (1910-1962), que vai até julho com oficinas, debates, espetáculos e releituras (av. Paulista, 37, tel. 0/xx/11/ 3285-6986; saiba mais em www.casadasrosas-sp.org.br)
100 anos de Pagu tem calendário cultural
(Criativa) "Ela foi musa do antropofagismo, escritora, jornalista, poetisa, desenhista, militante política e agitadora cultural. Cem anos após seu nascimento, recebe homenagens e permanece como um exemplo de ousadia e determinação." Acesse essa matéria: 100 anos de Pagu tem calendário cultural (Criativa - 07/06/2010)
Leia também:
Edição de luxo contará vida de Pagu em imagens (O Estado de S. Paulo -08/05/2010)
Fotobiografia e pesquisa reavivam veia crítica de Pagu (Folha de S.Paulo - 05/06/2010)
Saiba mais sobre Patrícia Galvão: http://www.pagu.com.br
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