Artigos de História
  • Home
  • _Sobre
  • _Privacidade
  • _.
  • _.
  • Lojinha
  • Contato

Benfeitorias que temos graças ao nazistas

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Ok, ninguém gosta dos nazistas. Eles mataram judeus covardemente, mergulharam o mundo em caos, infernizaram vários grupos raciais e de quebra tinham relações fortes com a Igreja.

Pelo menos tinham bom gosto na hora de se vestir

Coisas que só surgiram graças a Guerra.

Sério, graças a Guerra.


Benfeitoria #1. Meia-calça de Nylon


Sim, mulheres, vocês devem essa aos malucos que iniciaram a 2ª Guerra.

Lá pelos idos de 1940 a única meia-calça disponível era a meia-calça de seda. E a única seda decente era do Japão. Bom, parece que Japão e EUA estavam em lados opostos, e a mulherada americana ficou sem meia-calça de seda.

E, diabos, ninguém imaginava que isso era EXTREMAMENTE importante pra elas.

hmm, entendi

Sem meias-calça, as donas de casa americanas surtaram. Imagine uma TPM coletiva exatamente na mesma época em que está explodindo uma tal de 2ª Guerra Mundial.

Multiplique por milhões e perceba quão inofensiva é uma bomba atômica

Felizmente eis que surge um herói.

O CEO da DuPont decidiu que aguentar Hitler e seu genocídio tudo bem, mas aguentar a patroa histérica todo santo dia por causa de meia-calça era demais. Dado o exposto, a DuPont iniciou pesquisas com seus melhores químicos e físicos da época (brincadeira, os melhores estavam ocupados com a bomba atômica) e criaram um novo polímero, e disso nasceu o Nylon e a meia-calça de Nylon.

Pronto! Com essa magnifica invenção na hora certa, as mulheres teriam de volta as ditas meias-calça pra não mostrarem as gambitas por ai.

Que nada.

Duas semanas depois o governo decidiu que todo Nylon disponível seria utilizado na fabricação de pára-quedas.

... e o caos voltou a imperar


Benfeitoria #2. Campanha Anti-tabagismo


Por essa você não esperava, e eu não te contei metade da história ainda. A primeira campanha anti-tabagismo não nasceu apenas na 2ª Guerra.

A primeira campanha anti-tabagismo foi idéia ÚNICA e EXCLUSIVA dos NAZISTAS!

“O quê? Tá de sacanagem”

Sério.

Os médicos nazistas quando não estavam inventando maneiras criativas de torturar judeus, se dedicavam a pesquisar os malefícios do cigarro.

Eles foram os primeiros a descobrir uma relação de causa entre tabaco e câncer nos pulmões. Claro que o objetivo das pesquisas tinha a ver com a purificação da raça ariana.

Fato é que levantada a bola de que tabaco e câncer de pulmão andavam juntos, os nazistas iniciaram campanhas anti-tabagismo.

Mas se eles eram os nazistas, por que não proibiram de vez o cigarro na Alemanha?

Eles proibiram o cigarro em ônibus, trens e nos bondinhos. Também racionaram cigarros e tabaco aos soldados.


Não pro Landa, é claro. O Landa era foda

Talvez os produtores de cigarro tivessem financiado a subida de Hitler ao poder, ou talvez os nazistas não eram tão FDPs assim (tô zoando, eram sim). Fato é que o cigarro não foi proibido de ser vendido, mas o povo foi educado sobre seus malefícios.



Benfeitoria #3. Aulas de História mais divertidas


Aulas de História sobre civilizações e guerras antigas são chatas. Ponto.
As guerras do tempos de Anibal e Alexandre O Grande definitivamente devem ter sido épicas, mas e dai? A acurácia dos documentos e a quantidade não são lá grande coisa, tanto que...
acharam sensato chamar a porra do Colin Farrell pro filme

Os documentos, artefatos, relatos e etc. nos dão uma boa noção de como Anibal estraçalhava seus inimigos, como eram as orgias de Calígula e como Cleópatra entrou pra História como meretriz maior da Antiguidade.
Mas acontece que a 2ª Guerra Mundial pode não ter sido tão divertida quanto as orgias de Calígula (principalmente se você era judeu), mas a documentação histórica é abundante e precisa.
A 2ª Guerra é o fato histórico importante mais bem documentado que existe. E isso torna as aulas de História sobre o assunto muito mais legais e interessantes.
Somos fúteis e temos déficit de atenção — isso explica o sucesso dos sites de fofocas sobre celebridades — e por isso não adianta nos falar sobre o Dia D. Ok, legal, os caras invadiram a Normandia, deram um cacete nos nazistas, recuperaram a França e... Ahhhh, dane-se!
Isso não prende nossa atenção.
Saber que os caras da SS usavam anéis com caveiras é fútil... e chama nossa atenção.

Saber que Stalin mandava os soldados treinarem cachorros pra correrem atrás de tanques Nazistas não é interessante. Interessante é saber que eles amarravam bombas nesses cachorros e quando os pobres coitados chegavam perto dos tanques... CABUM!
Isso prende nossa atenção.
“Operation Valkyrie is in effect” é meu bordão quando tenho problemas difíceis a resolver

Porque gostamos desses caprichos bobos.
Não fosse a 2ª Guerra passaríamos mais e mais horas estudando chatices das civilizações antigas. E se minha lógica estivesse errada, então por que diabos alguns malucos inventaram a história de que ETs construíram as pirâmides?

Benfeitoria #4. Panela Teflon


A invenção que garante a sobrevivência de milhões de mascates e de pessoas com habilidades culinárias limitadas.
Foto: Habilidade culinária limitada

Tudo começou com um químico chamado Roy Plunkett que tentava fazer experiências com gases para refrigeração até que, pra variar, como quase nunca acontece no mundo da Ciência, por acaso uma substância pegajosa se formou, só que o detalhe é que ela não grudava em nada.
Feliz com sua invenção que era o oposto das malditas músicas axé, Roy Plunkett achou que o exército poderia se interessar naquilo.
Afinal de contas se não tem pra quem vender, venda pro exército americano

E eles se interessaram.
Como os EUA estavam lidando com uma tal de bomba atômica, algo que, acredito eu, necessite de material radioativo, eles acharam boa idéia criar tubos por onde esse material radioativo passasse sem que esse material ficasse grudado.
Porque na época as pessoas se preocupavam com segurança no trabalho

Com o fim da 2ª Guerra e a falta de disposição de Rússia e EUA em elevarem o nível da Guerra Fria pra uma guerra de verdade, eis que Roy precisou achar outras bandas pra vender seu teflon.
E numa dessas bandas sua empresa criou o adesivo que reveste as nossas conhecidas panelas de teflon, que permitem a idiotas como eu fritarem ovos dignos de gourmet shit.

Fonte: Dr. Gap
Mais informações »
Crônicas de um médico no III Reich

Crônicas de um médico no III Reich

Crônicas de um médico no III Reich - Parte I: Kishinev

"Estou morto. Provavelmente isso é tudo que aqueles dois oficiais nazistas precisariam saber, além de proferir imprecações sobre como remover meu corpo dali e limpar toda aquela sujeira. Decisões que tomei em minha vida me levaram a morrer dessa forma estúpida, decisões das quais me arrependo. Bom, vou começar do começo.
Região dos pogroms
Meu nome é(ou costumava ser...) Mordechai ben Eliezer, sou de família judia russa, nascido em Kishinev(1), Sul da Rússia. Ser judeu nessa região do Império russo no final do século XIX e início do XX definitivamente não era um bom negócio. A política czarista era abertamente anti-semita, seja através dos pogroms que estavam acontecendo desde 1881, até a falsificação e publicação dos famigerados "Protocolos dos Sábios de Sião"(2). O Governo apoiava essa política com dois objetivos principais: diminuir drasticamente a população judia o mais rápido possível e desviar o ódio popular, principalmente camponês, a fim de controlar a onda revolucionária que desembocaria, em 1917, na Revolução Comunista.
Barbárie...
Pogrom significa, em russo, "tempestade" ou destruição", o termo se encaixa perfeitamente nesse tipo de ação, provavelmente governamental, que foi lançada sobre a população judia, de saques, assassinatos e outras selvagerias indizíveis, desde que o czar Alexandre II faleceu e o novo czar, Alexandre III assumiu o poder. Este cancelou várias regalias dadas aos judeus, que tinham levado a região a um grande crescimento econômico anos antes, e iniciou a perseguição através da figura de Pobedonostzev, um reacionário ultra nacionalista, procurador do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa. Os pogroms já aconteciam desde 1881, mas meu pai, que era dono de uma loja de secos e molhados na cidade, achava que nunca nada atingiria sua família. Levávamos uma vida confortável pra os padrões da época, minhas duas irmãs e minha mãe trabalhavam com meu pai, eu era muito pequeno naquele fatídico ano de 1903. Sob o domínio russo, a cidade tornara-se um ativo centro comercial e industrial, atraindo judeus de outras partes da Rússia, em busca de trabalho.
Judeu espancado em Kishinev
A merda toda teve início em fevereiro daquele ano, depois da morte de um menino cristão chamado Michael Ribalenko. Mesmo com a suspeita de que tinha sido um parente seu o autor do assassinato, comprovado mais tarde, o filho da puta do chefe de polícia local começou a espalhar o boato de que tinham sido os "judeus". Foi orquestrada nos jornais uma campanha de difamação sem precedentes, até que o estopim da violência foi forjado: o suicídio de uma jovem cristã, paciente de um hospital da cidade. Claro que tanto o assassinato quanto o suicídio nada tinham a ver conosco, mas isso só veio a público depois do início das ações.
Refugiados dos Pogroms
Às vésperas da Páscoa, o inevitável aconteceu. Primeiro de forma isolada, alguns espancamentos ou estupros, até a generalização do massacre. Meu pai, no decorrer de algum tempo, tinha escondido no porão da casa a maior parte de sua riqueza e isso foi nossa salvação. Ele chegou em casa com um olhar vidrado, vazio, ordenando à minha mãe que juntasse o maior número de pertences possível, estávamos fugindo para Varsóvia, Polônia, onde ele tinha alguns parentes. Minha mãe então perguntou, já pressentindo a desgraça, onde estavam minhas irmãs. Meu pai parecia um alucinado, juntando dinheiro, jóias, menorahs(3), então minha mãe entendeu o que tinha acontecido com elas. Não sei onde ela achou forças para a fuga, somente muito tempo depois, longe dali, eles desabariam em choro convulsivo e prestariam as homenagens fúnebres às minhas irmãs. Minha mãe nunca mais quis saber o que tinha acontecido, mas eu sim: foram estupradas e mortas em plena rua, enquanto a loja do meu pai era saqueada e destruída.
Uma parte do dinheiro de meu pai foi entregue ao chefe de polícia, para que ele fizesse vista grossa sobre nossa fuga, o que fez com que fugíssemos com poucos pertences mais objetos de uso pessoal e religioso. Tudo isso meu pai me contou em detalhes, em Varsóvia. Meus pais vieram a falecer alguns anos depois, acho que de desgosto, deixando grande parte de minha criação a cargo de um primo. Tinha resolvido adotar um nome não judeu, pois a Polônia era também em grande parte anti-semita e eu seguia carreira no exército como oficial médico especializado em cirurgia, me sentia obviamente muito mais polonês que russo. Não tinha sequer conhecido minha pátria natal.(CONTINUA) Notas do autor: (1) Durante o séc XIX, Kishinev era capital da Bessarábia. Atualmente é capital da República da Moldávia, parte da ex União Soviética. (2) Texto, surgido, originalmente, em idioma russo, supostamente alega-se terem sido forjados em 1897 pela Okhrana (polícia secreta do Czar Nicolau II), que descrevia um projeto de conspiração para que os judeus atingissem a dominação mundial.
Menorah

Crônicas de um médico no III Reich - Parte II: Varsóvia

Marcha alemã da vitória em 1939
"Durante muitos séculos, foi disseminado o ódio na Europa. Um ódio baseado em calúnias e infâmia, muito por instituições que pregam o amor e a tolerância como preceitos. O ódio ao povo judeu tem raízes profundas, na morte do Messias cristão, foi mantido por razões as mais diversas, e mais uma vez, naqueles anos lamentáveis, cobrou seu preço. A visão e objetivos de Adolf Hitler, do bem escrito "Mein Kampf", não era somente da criação de um Império econômico da sua Alemanaha. Passava também pela extinção de todo um povo, baseado em preconceito per se. Este preâmbulo nos leva diretamente ao ano de 1939. Meu país tinha sido invadido, de maneira rápida e avassaladora, a blitzkrieg(1) em sua melhor forma. Era a repaginação da história bíblica de Davi e Golias, soldados mal treinados contra máquinas de guerra, Panzers contra cavalos, aeronáutica mortífera contra nada.
O Gueto
Varsóvia 1940. Logo após a vitória, fácil e previsível, a Alemanha através de seu Governo Central começou a planejar o isolamento do povo judeu em guetos. A Judenrat(2) tinha conseguido atrasar a construção de um em Varsóvia, muito pelo argumento de utilizar o meu povo como mão de obra escrava. Em 16 de Outubro de 1940 foi criado e murado finalmente o Gueto. Era um verdadeiro depósito de vidas humanas, tinha uma população de 400.000 judeus num espaço exíguo, onde normalmente caberiam 60.000 pessoas. A vida lá dentro era muito dura, a ração de alimento para os judeus era mais de 10 vezes menor que a oferecida aos alemães da cidade. Mesmo assim, por um tempo, a Judenratconseguiu continuar com alguma atividade cultural e escolar.
Fuga durante o Levante do Gueto de Varsóvia
Eu era já oficial médico do exército, que através da proteção de colegas fiéis, tinha escapado do gueto. Usava nome não judeu e participava como colaboracionista do exercito invasor, minha primeira decisão equivocada. Que merda, eu deveria ter acabado com aquela farsa ali mesmo, mas meu amor à vida e minha covardia tinham impedido. Eu era um fraco, um omisso... Além disso, era muito útil ao invasor pelas minhas habilidades médicas, era cirurgião laureado e Professor titular da Universidade local, autor de trabalhos e inventor de técnicas cirúrgicas arrojadas. Isso me levou ao clímax de minha história, num lugar chamado Aushwitz, mas isso é pra depois...
Himmler em 1943
Ainda em 1940 a resistência judaica começou a se formar, talvez o único lugar do território ocupado. E foi só 2 anos depois que se formou o primeiro grupo de combate, mais ou menos na mesma época em que iniciou o que se denominou depois de Levante do Gueto. Os líderes, chefiados por um jovem de 24 anos chamado Anilevitch, fizeram o seguinte apelo: "Declaramos guerra à Alemanha, a declaração de guerra mais desesperada que já foi feita. Organizamos a defesa do gueto, não para que o gueto possa defender-se, mas para que o mundo veja nossa luta desesperada como uma advertência e uma crítica." Um dia, já em 1943, o próprio Himmler(3) em pessoa visitou o gueto de surpresa. Cheguei a conhecê-lo pessoalmente. Me pareceu extremamente metódico, um amor incondicional à causa do Führer, um zelo invejável no cumprimento de dever. Essas características o colocaram na História, infelizmente num lugar tão infame quanto essencial ao desfecho da guerra.
Trem chega a Treblinka
Foi dele que partiu a ordem direta de aniquilação total do gueto. Acredito só ter passado por um momento como aquele por ocasião da morte de meus pais. As execuções sumárias ou transporte para Treblinka(4) tinham acabado, agora o invasor ia reduzir a pó um bairro inteiro super populoso. Foram utilizadas bombas incendiárias, a Luftwaffe(5)entrou em ação contra população civil desarmada, foi um dos atos de guerra mais covardes de que se tem notícia. Em 16 de maio , o General Stroop enviou o seguinte telegrama a Hitler: "O bairro judeu de Varsóvia não existe mais" A conivência do povo polonês com aquele banho de sangue plantou a semente em meu coração daquilo que viria a ser o meu fim, num lugar ainda mais infame, longe dali.
Acho que talvez as acusações mais contundentes devessem ter sido feitas aos dirigentes do resto do mundo. Eles poderiam ter feito muito mais para evitar ou retardar o genocídio, e nada fizeram. Parece que só deram conta da incrível realidade daquela barbárie depois de descobertos os campos de morte, com seus fornos crematórios ainda fumegantes, e suas pilhas de corpos." CONTINUA NO PRÓXIMO E FINAL. Notas do Autor: (1) Blitzkrieg: Significa Guerra-Relâmpago. Consistia em utilizar ataques rápidos, brutais e de surpresa, utilizando muitas vezes infantaria, blindados e aeronáutica juntas. Essencial nas vitórias rápidas e desmoralização de inimigos na Segunda Guerra. (2) Judenrat: Conselho judeu, em alemão. Formado em cada gueto como forma de administração vinculado ao Exército invasor. (3) Heinrich Litpold Himmler: Comandante alemão, peça chave na execução do Holocausto judeu. (4) Treblinka: Quarto campo de extermínio da Polônia ocupada


Crônicas de um médico no III Reich - Parte III e final: Aushwitz

Só o trabalho liberta
"Fui transferido para Aushwitz no final daquele ano de 1943, segundo meu comandante eu faria parte como cirurgião de trabalhos científicos naquele campo. Os médicos chefes alemães aos quais eu seria subordinado eram Joseph Mengele e Carl Clauberg, entre outros, e segundo meus superiores, minha perícia e rapidez cirúrgicas seria essenciais no auxílio a esses trabalhos. Óbvio que eu não fazia idéia do que eu realmente encontraria ali e nada tinha me preparado para aquilo. Eu tinha sido originalmente designado para realizar ooforectomias(1), cirurgia bastante simples, mas que eu não via nenhum propósito serem realizadas em ambiente militar, até descobrir o que realmente estava sendo feito e os resultados que se procuravam. Do pórtico de entrada do campo, onde se lia que só o trabalho liberta, até a execução da maioria das experiências conduzidas ali, tudo era dissimulação e mentira. Desde a chegada dos prisioneiros, conduzidos como gado, passando pelo "preenchimento" de formulários em ambientes com altas de doses de radiação(para esterilizá-los), até a simples execução em câmaras de Zyklon B (2). Entrei em desespero, puro e simples desespero, mas tive a impressão de que poderia fazer alguma coisa para diminuir o sofrimento daquelas criaturas, não sei se só por piedade, mas uma forma de ser auto indulgente, de tentar diminuir a vergonha que eu sentia por ter traído a memória de meus pais e trabalhar como colaboracionista.
Vítima de experiência nazista
Conversando depois com oficiais alemães e colegas poloneses, fiquei sabendo que experiências médicas com cobaias judias, podemos chamar assim, eram disseminadas pela maioria dos campos de concentração da Polônia. Eram bem conduzidas, dentro do rigor científico e estatístico (3),e eram de maneira geral divididas em 3 categorias: Em primeiro lugar experiências que visavam a sobrevivência de oficiais do próprio Eixo. Em Dachau, por exemplo, oficiais médicos da Força aérea alemã realizaram experimentos sobre reações à altitude, usando câmaras de baixa pressurização, para determinar a altitude máxima da qual as equipes de aeronaves danificadas poderiam saltar de pára quedas, em segurança. Também experimentos com congelamento, usando prisioneiros como cobaias para descobrir método eficaz de tratamento de hipotermia, além de outros para testar vários métodos de transformação de água marinha em potável. Desnecessário dizer o número de mortes durante a condução destes experimentos
Cigano
Em segundo, desenvolver e testar medicamentos, além de métodos de tratamento para ferimentos e enfermidades. Nos campos de Sachsenhausen, Dachau, Natzweiler, Buchenwald e Neuengamme, foram testados agentes imunizantes e soros para tratar e prevenir doenças como malária, tifo, tuberculose, febre amarela, hepatite, inoculando os prisioneiros com tais doenças. Em Ravensbrueck foram feitos experimentos cruéis com enxertos ósseos, além de testarem a sulfonamida, a custa de muitas vidas. Em Natzweiler e Sachsenhausen, prisioneiros foram sujeitos aos perigosos gás mostarda e fosgênio.
Crianças de Mengele
Por último, experiências que buscavam aprofundar os princípios raciais e ideológicos da visão nazista. As mais infames foram as de Joseph Mengele, em Aushwitz, que utilizou gêmeos, crianças e adultos, além de experiências sorológicas em ciganos, querendo demonstrar diferentes comportamentos frente a doenças nas diferentes "raças". Foi num desses dias macabros que eu inesperadamente conheci meu fim. Ia começar o dia operando uma prisioneira do campo. Eu costumava fazer raquianestesia, embora nem todos concordassem em utilizar qualquer tipo de anestesia. Convenci-os, de maneira dissimulada, que aplicar anestesia facilitaria os procedimentos, pois os "pacientes" se mexeriam menos e fariam menos barulho do que simplesmente amarrá-los, como era hábito da maioria. Na verdade eu queria acabar com o sofrimento daqueles miseráveis, ao menos diminuir.
Cirurgias em Aushwitz
Tinha iniciado a intervenção, quando a prisioneira começou a balbuciar alguma coisa ininteligível, talvez consequência do barbitúrico que eu aplicava antes de iniciar a anestesia. Um dos soldados presentes, rindo, aplicou uma violenta coronhada na cabeça da paciente, mandando que se calasse, e gargalhando depois de constatar que sua atitude tinha despertado risos nos outros. Cheguei ao limite, não suportava mais aquela covardia, minha mente açoitada por pensamentos de vingança, virei-me, puxei a Lugger P08(4) do coldre do soldado, encostei em sua têmpora e puxei o gatilho. Foi tudo muito rápido, como um sonho...o cérebro dele voando aos pedaços pela sala junto com o spray de sangue vivo, os gritos e xingamentos, a confusão de tiros em minha direção...fui praticamente metralhado por 3 ou 4 Luggers, mas ainda tive tempo de esboçar um sorriso antes de desabar no chão, inerte. Uma grande lição para toda humanidade foi tirada desses dias sombrios, e que se espera que não se repitam, toda sordidez humana disfarçada de ideologia, toda sua desumanidade disfarçada de guerra. Não foi somente uma guerra, foi uma covardia sem precedentes. O neófito que criou o termo genocídio foi extremamente feliz em sua idéia." Notas do autor: (1) Cirurgia para retirada dos ovários.

(2) Zyklon B era a marca registrada de um pesticida a base de ácido cianídrico, cloro e nitrogênio que foi utilizada pelos nazistas como veneno no assassinato em massa por sufocamento nas câmaras de gás, era ativado em contato com ar.

(3) Ainda hoje se discute sobre se utlizar os resultados desses experimentos, que foram realmente bem conduzidos do ponto de vista científico, exceto é claro sua parte ética.

Lugger P08
(4) Principal pistola adotada pelo exército alemão, depois de 1908(daí seu nome), é considerada o maior souvenir da Segunda Guerra Mundial.





OBS: Gostaria de saber a fonte...
Mais informações »
Graf Zeppelin, o porta-aviões alemão da II Guerra Mundial

Graf Zeppelin, o porta-aviões alemão da II Guerra Mundial

sábado, 25 de dezembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010



Graf Zeppelin, o porta-aviões alemão da II Guerra Mundial






Nem um único porta-aviões alemão participou de uma batalha naval durante a Segunda Guerra Mundial. Todas as grandes potências envolvidas no conflito utilizaram estes tipos de navios, com exceção da Alemanha nazista. Mas isso não significa que a Alemanha não tenha construído nenhum.

Hitler colocou em centenas de submarinos em ação , navios de guerra cruzadores e destróieres, mas seus planos eram também construir um total de quatro porta-aviões, e um deles estava muito perto de ser concluído.

Seu nome era KMS Graf Zeppelin e embora tenha começado em dezembro de 1938, quase um ano antes do início da guerra, nunca foi totalmente concluído. Atrasos na construção, falta de navios e as disputas entre Herman Goering, comandante da Luftwaffe, garantindo que o navio estava destinado a se tornar sucata, e a Marinha, que defendeu a sua construção, o projeto não terminou.


Hitler prometeu a marinha alemã (oKriegsmarine) Um navio transportador em 1935, mas não foi até o final 1936, quando a construção começou com o primeiro de quatro que a Alemanha iria fabricar em nove anos. O ambicioso projeto desses navios foi chamadoPlano Z, A posição do almirante Erich Raeder. Em uma revisão do plano de 1939, o número de navios a serem construídos seria reduzida para apenas dois. Foi o primeiro desapontamento do Plano Z, mas não o único.

Em 28 de dezembro de 1936, 20 dias após o lançamento do Gneisenau, Foi colocada a quilha na rampa I do estaleiro em Kiel e dois anos depois, em 08 de dezembro de 1938, ainda sem concluir o Graf Zeppelin foi lançado.

O navio tinha quatro turbinas a vapor, com uma capacidade total de 200.000 HP. Tinha 262,5 metros de comprimento 31,5 metros de largura. O convés de vôo medindo 244 metros, e utilizava duas catapultas que permitem lançar 8 aviões no ar em 3,5 minutos. Para fazer tudo funcionar exigiria uma tripulação de 1.760 pessoas.

Embora a comparação com os grandes navios dos EUA Essex era de tamanho discreto, o projeto muito lisonjeado pela Marinha.




A atitude de Hitler em relação ao projeto foi, no entanto, hesitante e nunca teve o seu apoio incondicional. Além disso, houve um detrator do enorme peso, Goering, que olhou com desfavor qualquer incursão sobre a sua autoridade como chefe da força aérea do país. Ele não gostou da idéia de que o navios da Kriegsmarine não estivesse sob seu controle.

No entanto, Hitler ordenou que Goering desenvolvesse aeronaves para o barco. A resposta para isso seria oferecer versões de bombardeiro, mesmo assim, antiquado JU-87 Stuka e caça Messerschmitt 109. Ambos os aviões estavam longe de ser suficiente para decolar e pousar em um porta-aviões e mesmo após várias modificações nos planos foram bem inferiores aos que tinham os Aliados. Para piorar a situação, para garantir uma maior demora na conclusão do porta-aviões, Goering informa a Hitler que essas aeronaves não estaria prontas até o final de 1944.




Quando a guerra começou, o Graf Zeppelin estava concluído apenas 85%. Os primeiros testes no mar poderiam ser esperados só no final de 1940 e início de 1941. Mas, de repente, a Kriegsmarine deu prioridade à construção de submarinos e outros navios de guerra e o projeto foi adiado porque a transportadora foi colocado no nível mais alto de prioridade na escala dos edifícios. A construção de um segundo navio foi, é claro, descartada.

Em 06 de julho de 1940 o Graf Zeppelin foi rebocado para Gotenhafen para manter longe da ameaça pelo ar.


Durante a guerra, a importância dos porta-aviões e aviação embarcada tornou-se aparente. É por isso que em maio 1942 foram emitidas ordens para retomar a construção do navio, que também teve que passar por novas mudanças estruturais que iriam aumentar seu peso. O Graf Zeppelin foi rebocado para o estaleiro em Kiel Gotenhafen, onde foi terminado em quatro anos, em 30 de novembro de 1942, mas dois meses depois veio ordem do Fuhrer ordenando a suspensão da construção de todos os navios,queria com mais emergencia sua capacidade de construção naval para a produção de submarinos, destroyers e lanchas torpedeiras. Novamente, os outros barcos estavam tomando recursos escassos, um golpe do qual o Graf Zeppelin nunca foi reposto, nunca foi concluído.

Com a guerra em seus pés, em abril de 1945 o porta-aviões ancorado em Stettin (hoje na Polônia), Wolfgang Kähler capitão deu a ordem para explodir o navio para evitar que ele caia nas mãos dos soviéticos. Um especialista da marinha soviética levou um ano para desencalhar o navio e rebocá-lo ate Swinemünde. Foram carregados com enormes quantidades de produtos de saques e partiu para a URSS.

A vida pacata da transportadora terminou em 1947, ninguém sabe ao certo quantos, pois algumas versões indicam que foi afundado em exercícios militares da marinha soviética durante a qual serviu de alvo, enquanto outros argumentam que afundou depois de colidir com uma mina.

Em qualquer caso, o colosso nazista foi esquecido sob o Mar Báltico durante 60 anos. Em 2006, peritos da marinha polonesa encontrou afundado a 90 metros de profundidade.

fontes: Exordio, Damn interesting, Maritime Quest.



Mais informações »
Exposição em Berlim tematiza perda e retorno de obras confiscadas

Exposição em Berlim tematiza perda e retorno de obras confiscadas

CULTURA | 14.12.2010


Exposição em Berlim tematiza perda e retorno de obras confiscadas





'Olhar sobre Florença', tela de Wilhelm Ahlborn na Antiga Galeria Nacional
'Olhar sobre Florença', tela de Wilhelm Ahlborn na Antiga Galeria Nacional



A Segunda Guerra Mundial deixou rastros também em museus e galerias. Em todos os países europeus envolvidos no conflito, desapareceram obras de arte durante os anos de guerra.







Na Alemanha, os casos de obras perdidas por museus e galerias no contexto da Segunda Guerra foram muitos e podem ser divididos em três categorias: as obras confiscadas pelos nazistas e consideradas "degeneradas"; as obras que simplesmente se perderam em meio aos combates; e as obras confiscadas pelas forças de ocupação do país no pós-guerra, especialmente pelos russos. Nos últimos anos, algumas obras da Galeria Nacional de Berlim, que haviam desaparecido em contingências ligadas à guerra, reapareceram de maneira surpreendente.

August Wilhelm Ahlborn dedicou-se em vida à pintura de paisagens – encomendadas a ele pela corte prussiana, pelos nobres e colecionadores berlinenses da época – no estilo de seu grande mestre, Karl Friedrich Schinkel.

Em 1832, após uma estada de quatro anos na Itália, Ahlborn concluiu seu Olhar sobre Florença, adquirido posteriormente pelo banqueiro e mecenas berlinense Joachim Heinrich Wagener. A abertura de sua ampla coleção de obras de arte ao público foi o que levou posteriormente à fundação da Galeria Nacional de Berlim. Ali permaneceu o Olhar Sobre Florença de Ahlborn, até o dia em que foi emprestado, em 1934, aos governantes nazistas.

Na casa de Hitler

Índice de obras emprestadas ao governo nazista em 1934Índice de obras emprestadas ao governo nazista em 1934"Essa pintura que servia como decoração, pode-se dizer, da residência particular de Adolf Hitler, desapareceu depois na confusão, até ser redescoberta no mercado de artes e comprada de volta", explica Udo Kittelmann, diretor da Galeria Nacional, poucos meses após a instituição que dirige ter readquirido a obra.

Logo depois, a pintura foi restaurada e está hoje exposta ao público no andar térreo da Antiga Galeria Nacional, ao lado de 17 outras obras que permaneceram anos perdidas. "O número de perdas na guerra foi de aproximadamente 600 pinturas do século 19, que perfazem um terço do acervo atual da Antiga Galeria Nacional, diz Michael Eisenhauer, diretor-geral da fundação que congrega todos os museus estatais berlinenses.

Paradeiro incógnito

A Galeria Nacional havia emprestado centenas de obras a museus espalhados por toda a Alemanha e também a departamentos públicos dentro e fora do país. Grande parte destas obras acabou sendo provavelmente destruída em incêndios ou ataques aéreos e o que foi feito das obras que restaram é até hoje uma incógnita.

Além disso, foram registradas perdas enormes através de saques de abrigos antiaéreos ebunkers, para os quais as obras da Galeria Nacional haviam sido removidas no decorrer da Segunda Guerra. Isso pode ser confirmado no Arquivo Central dos Museus Estatais de Berlim, conta Birgit Verwiebe, onde há ainda incontáveis listas, digitadas com todo o cuidado ou escritas à mão. "Um exemplo é uma lista que encontrei, cujo título é '66 pinturas da Galeria Nacional transportadas em diversos carros de mão para o banco do Reich'. Este é um documento datado do início de 1941".


Listas de transporte parecidas com essa e uma série de fotografias históricas – que mostram bunkers de superfície, bem como abrigos de emergência para obras de artes em minas de sal – complementam a exposição do acervo da Antiga Galeria Nacional com uma seleção de pinturas que voltaram à instituição nos últimos anos.

Adolph Menzel, 'Imagem de uma jovem', faz parte da mostra Adolph Menzel, 'Imagem de uma jovem', faz parte da mostraMelhor comunicação

Trata-se de quadros que apareceram de repente em mercados de pulgas ou em coleções privadas, bem como no mercado internacional de arte. E tais obras de propriedade da Galeria só puderam ser identificadas porque haviam sido descritas não somente nos catálogos impressos que relacionam as perdas, mas também em bancos de dados na internet.

As redes globais melhoraram as possibilidades de pesquisa de maneira sensível, diz Michael Eisenhauer. Mas o fato de que nos últimos dez anos tenham retornado mais obras à Galeria Nacional que nas décadas anteriores tem também a ver com a recente história alemã.

"Havia, na antiga RDA, uma proibição de contato entre os pesquisadores dos museus da Alemanha Oriental e aqueles da Alemanha Ocidental. De forma que não se podia comparar as listas nem os inventários existentes. Tanto no lado ocidental quanto no oriental tinha-se a impressão de que o que estava desaparecido talvez estivesse, sim, do outro lado", explica Eisenhauer.

Devoluções

Antiga Galeria Nacional: exposição traz obras desaparecidas por décadasAntiga Galeria Nacional: exposição traz obras desaparecidas por décadasO processamento das perdas começou em 1990, ano que sucedeu a queda do Muro de Berlim. A partir de então, começou a ser registrada uma documentação de vários volumes com a lista de todas as obras de arte perdidas. Alguns proprietários dispostos a devolver essas obras receberam da Galeria Nacional de Berlim uma recompensa em dinheiro bem inferior aos valores da obras no mercado de artes.

Na Antiga Galeria Nacional, há a esperança de que vários outros proprietários de obras que foram confiscadas dos museus e galerias alemães também estejam, futuramente, dispostos a devolvê-las.

Ainda desaparecidas estão, por exemplo, 13 obras do pintor romântico Carl Blechen, entre estas, a Paisagem de Märkisch, pintada sobre madeira. Como símbolo de tantas outras obras que continuam desaparecidas, a moldura vazia, que supostamente pertence à obra e se encontra no acervo do museu, está sendo exibida na exposição da Antiga Galeria Nacional.

Autora: Silke Barlick (sv)
Revisão: Carlos Albuquerque

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6328468,00.html?maca=bra-rss-br-top-1029-rdf


Mais informações »
Sabiam que... Hitler quase ganhou Nobel da Paz em 1938?!

Sabiam que... Hitler quase ganhou Nobel da Paz em 1938?!

Adolf Hitler esteve para ganhar o Prémio Nobel da Paz em 1938. Da paz? Sim. Pelo menos foi o que noticiou o jornal espanhol "ABC", em Dezembro de 2004, num artigo assinado pela sua correspondente em Estocolmo, Carmen Villar.
A ideia da nomeação do Führer partiu da mente do deputado sueco E.G.C. Brandt. O comité norueguês, por seu turno, terá aceite e ponderado tal ideia, mas a distinção acabaria por ser entregue ao Instituto Nansen, uma organização dedicada a investigações diversas.
Segundo a notícia do "ABC", apesar de Hilter não ter recebido os votos suficientes, a sua nomeação desencadeou acesas discussões. Havia quem defendesse a ideia de que Hilter merecia o Nobel da Paz devido às "conversações sobre a paz na Europa que manteve com o britânico Chamberlain".
Acontece que todos os detalhes relacionados com este insólito caso estiveram, aparentemente, arquivados e fechados a sete chaves durante diversos anos, tendo, posteriormente, desaparecido da história dos prémios Nobel "como por arte e magia" depois do fim da 2.ª Guerra Mundial.
(http://jn.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=472156)
Mais informações »
Para Além do Nilismo

Para Além do Nilismo

                                                                                                                                                                                                                                                                  Sérgio São Bernardo

Acabo de ler o livro Nilismo e Negritude do Camaronês Celestin Mongá. Acho uma boa leitura para os nossos continuados dias de diáspora e busca de sentido identitário e emancipatório.  Um debate que aparecerá num futuro próximo face aos novos caminhos trilhados por nós mesmos nos últimos anos.

Mongá traça um relato muito singular e amplo de sua visão sobre a África moderna. Uma desmontagem propositada das perspectivas essencialistas, culturalistas e desenvolvimentistas que povoam a África e a diáspora nas últimas décadas. Citando Senghor, Mongá faz seu acerto de contas sobre a sua África: ousa a refletir sobre uma herança frágil e cética fundada na afirmação da negritude e na negação ao colonialismo; admite precisar entender este momento pós-revolucionario e buscar o modo como os de sua geração devem seguir e conquistar a vida digna a partir desse lugar. Um lugar amplo e diverso que não sintetiza a África unida que pensamos existir; de uma superação de um nilismo ascético desumano e festivo quem tem nos proporcionado em alguns momentos traços de quietude e conformação. 

Em Nilismo e Negritude, Mongá fala com destreza e abrangência filo-antropológica de uma África contemporânea por meio de uma viagem ao cotidiano. Divaga sobre a auto-estima, as heranças coloniais, a culinária, a ética, a religião e a sexualidade. E ainda comenta acidamente sobre as responsabilidades dos governos despóticos e programas autoritários que têm perpetuado altos índices de miserabilidade na África pós revolucionária sustentada por uma elite negra, esclarecida e rica. Entretanto, o autor aprende com suas próprias contradições e acaba por aceitar de modo paradoxal os ensinamentos sobre a economia do casamento, do uso do corpo e da morte como substratos legítimos de uma África reinventada pelos africanos da atualidade.

Aqui nos trópicos, muita coisa tem acontecido e revelado consistências e fragilidades, aberturas e fechamentos. A história de luta e resistência é plasmada em recorrentes abandonos da identidade e da incapacidade de homogeneização ideológica. Algo que podemos chamar de um nilismo negro brasileiro. Cada um traça, em suas individualizadas dezenas de partidos, grupos e subtendências, a osmótica partilha do programa salvacionista e os transformam em poderes os mais distintos e valorativos.

Ninguém está errado. Até porque, parte do que fizemos na episteme da luta emancipatória no Brasil tem nos trazido mais vitórias do que derrotas. Então, o caminho histórico não é de todo desprezível. Temos um debate que precisa ser refeito permanentemente para além de onde nos encontramos agora, num fosso intranqüilo em face dos discursos da identidade nacional, da miscigenação e da cordialidade corroborado por altos índices de pobreza e violência. Parece que estamos lá adiante, entretanto, nosso irmão está lá atrás e não sabemos se o esperamos ou continuamos avançando.

Na diáspora nacionalista afro-brasileira todos ostentam gestos e valores pensando estar dando mais um passo para algo que seja grandioso e que servirá a todos. Outros simulam jogos e negociam interesses, os mais plurais, aliados às identidades não necessariamente sócio-raciais e/ou emancipatórias.  Tenho ouvido e presenciado muitas opiniões que se confrontam na tática e, depois, se dialetizam na estratégia e vice versa. Existe uma persistência romântica de que tudo que fazemos deva ser homogêneo e universalista. Do mesmo modo, a nossa herança metafísica e imanente agora tem nos dado, provisoriamente, um ar de resistência e protagonismo político frente a um Estado que teima em não saber a distinção preconizada por Chateau Mouffe de que uma coisa é o diálogo entre o Estado e a Igreja, outra é o diálogo entre política e religião. Esta quadratura dicotômica tem sido o novo cenário da luta política na América Ibérica e nós estamos usando.

Mongá fala, citando Mudimbe, que a invenção da África forçou um diálogo inexistente entre um essencialismo identitário e um universalismo racionalista. Isso o levou a admitir que o futuro planetário, o papel do continente africano e sua diáspora ainda estão por ser empreendidos. Uma parte do mundo emergente está mesmo usando este jargão e revisitando a África do futuro. Uma odisséia afropolitana que ainda não chegou. Hall insiste na idéia de que o etnocentrismo nos coloca no fosso da afirmação fundamentalista da diferença, naturalizando-a.  Como se exstivessémos esperando um projeto em andamento, algo próximo da inexorável historicidade redentora em nossos olhos de ver o passado. E ao citar Octávio Paz, traz um “senão” de que o que nos distingue não é a originalidade, e sim a originalidade de nossas criações.

O nilismo negro reina na diáspora, numa África reinventada e real. Algo do que Mongá reflete está acontecendo aqui conosco. Diversas modalidades de representações e manifestações têm estimulado a construção de vagões que trafegam em trilhos ora de um essencialismo pragmático, ora de um culturalismo estatizante. Todavia, paradoxalmente, temos ocupado mais espaços públicos e privados. Certos arranjos existenciais e mecanismos de defesa - ou seja, uma estratégia Jeje/Banto/Nagô que nos mantém preservados - dialogam com uma dose de afirmação identitária para além do sagrado e do profano que nos semantizou. Uma parafernália simbólico/material que nos fez alargar as opções táticas e hoje, mesmo que queiramos, não saberemos sair disso sem dissensões. Entretanto, o mundo nos olha com olhos de quem soube sair do pior e escolheu modos singulares de continuarmos vivos.

Temos um dilema ético político: como falar para todos os negros sendo seus representantes? E não sendo seus representantes, quais acordos possíveis para representar a todos ou a sua maioria? E representando a poucos, como querer um projeto para muitos? Qual o papel dos negros que estão no governo ou que são de partido político? Qual o papel dos que estão fora, ou são de ONGs, ou outras organizações independentes? Existe uma fenda gramsciana que pode nos dar uma saída para um projeto que integre ação política por dentro e uma ação política por fora? Qual o papel político das religiões teogônicas afro-brasileiras? Qual o papel do marxismo na luta negra brasileira? Qual o sentido estratégico da lutas dos quilombolas, empresários e empreendedores negros, mulheres e juventude no Brasil de hoje. Estas são as nossas perguntas. 

No entanto, o nilismo negro tem feito muitos estragos e êxitos, e à revelia da tradição etnocêntrica que nos orienta, muitos estão ocupando espaços na sociedade e estão assumindo seu niilismo negro nas faculdades nas empresas, no sexo, nas periferias, no governo, na religião, na cultura e em dezenas de outras atividades da vida pública e privada. Decidindo ao seu gosto, a cara da esfera publica e seus representantes no cenário político. Ainda estamos por saber qual será o nosso caminho: se um socialismo negro, uma sociedade multicultural de caráter maximalista ou uma sociedade liberal de convivência integracionista. 

Creio que a nossa luta política ainda seja a de superar o nilismo e buscar referências, as mais grandiosas e eficazes que possam nos levar para horizontes e lugares ( não ouso dar nomes ) de justiça, democracia, liberdade e alcance equitativos de comida, dinheiro, solidariedade e felicidade. Busquemos, então, a originalidade em nossas criações.

Mongá, Celestin,  Nilismo e Negritude,  Martins Fontes, 2010.

Conheça Sérgio São Bernardo. Clique aqui
Mais informações »
Previous page Next page
Assinar: Postagens (Atom)

Sobre

Blog com postagens de avaliações de livros e afins.
+ sobre mim

🌷 Arquivos 🌷

  • abril 2022 (1)
  • agosto 2021 (1)
  • abril 2021 (2)
  • março 2021 (8)
  • outubro 2020 (2)
  • agosto 2020 (2)
  • julho 2020 (4)
  • junho 2020 (2)
  • maio 2020 (1)
  • abril 2020 (4)
  • março 2020 (5)
  • fevereiro 2020 (9)
  • janeiro 2020 (2)
  • dezembro 2019 (1)
  • novembro 2019 (6)
  • outubro 2019 (7)
  • setembro 2019 (9)
  • agosto 2019 (1)
  • julho 2019 (4)
  • junho 2019 (4)
  • abril 2019 (2)
  • março 2019 (1)
  • fevereiro 2019 (1)
  • janeiro 2019 (1)
  • setembro 2018 (1)
  • janeiro 2018 (4)
  • outubro 2017 (1)
  • janeiro 2016 (1)
  • março 2013 (1)
  • fevereiro 2012 (12)
  • janeiro 2012 (9)
  • dezembro 2011 (6)
  • novembro 2011 (4)
  • outubro 2011 (6)
  • agosto 2011 (1)
  • julho 2011 (4)
  • junho 2011 (3)
  • maio 2011 (6)
  • abril 2011 (4)
  • março 2011 (4)
  • fevereiro 2011 (11)
  • janeiro 2011 (10)
  • dezembro 2010 (30)
  • novembro 2010 (12)
  • outubro 2010 (6)
  • setembro 2010 (5)
  • agosto 2010 (36)
  • julho 2010 (24)
  • junho 2010 (1)
  • maio 2010 (2)
  • abril 2010 (1)
  • março 2010 (21)
  • fevereiro 2010 (4)
  • janeiro 2010 (10)
  • dezembro 2009 (1)

Technology

Mensagem LastFM

Subscribe Us

🌷 Lendo 🌷

Early Auburn
Early Auburn
by Art Sommers
5 Licoes de Storytelling: Fatos, Ficcao e Fantasia
5 Licoes de Storytelling: Fatos, Ficcao e Fantasia
by James McSill
Devil in a Coma
Devil in a Coma
by Mark Lanegan

goodreads.com

Subscribe Us

2023 Reading Challenge

Ræchəl has not entered the 2023 Reading Challenge.

Newsletter (Inativo)

Receive all posts on your email.

Fashion

This work is licensed under CC BY-NC-ND 4.0

Ad Code

Responsive Advertisement

Link List

  • Home
  • Termos
  • Privacidade
  • Contato

Popular-Posts

3/Technology/post-list


- Jornalista Digital. Contato: (Linkedin)
ORCID iD iconhttps://orcid.org/0000-0001-8417-3563
  • Home
  • About
  • Contact
  • Home
  • Features
  • _Multi DropDown
  • __DropDown 1
  • __DropDown 2
  • __DropDown 3
  • _ShortCodes
  • _SiteMap
  • _Error Page
  • Documentation
  • _Web Doc
  • _Video Doc
  • Download This Template
  • Download This Template

Footer Menu Widget

  • Home
  • About
  • Contact Us

Social Plugin

Categories

Tags

  • Acervo
  • Artes
  • Biografia
  • Ciência
  • Cinema
  • Cotidiano
  • Educação
  • História
  • História Brasil
  • Israel
  • Livros
  • Marx
  • Música
  • Outros
  • Pagú
  • Política Internacional
  • Socialismo
  • Tecnologia Educacional
  • Vídeo

Categories

  • Acervo30
  • Artes3
  • Biografia2
  • Ciência19
  • Cinema6
  • Cotidiano11
  • Educação20
  • História87
  • História Brasil33
  • Israel8
  • Livros7
  • Marx2
  • Música6
  • Outros67
  • Pagú54
  • Política Internacional6
  • Socialismo2
  • Tecnologia Educacional3
  • Vídeo78

Tags

Labels

Get All The Latest Updates Delivered Straight Into Your Inbox For Free!

Random-Posts

3/random/post-list

Business

5/Business/post-list

Popular Posts

Livro reaquece debate sobre ligação do filósofo Heidegger com o nazismo

janeiro 17, 2010

Dica de leitura: Machado de Assis - Analfabetismo

julho 25, 2020

Tokyo hyperlapse

julho 23, 2020

Páginas

  • Home

Facebook

Subscribe Us

Most Popular

Livro reaquece debate sobre ligação do filósofo Heidegger com o nazismo

janeiro 17, 2010

Dica de leitura: Machado de Assis - Analfabetismo

julho 25, 2020

Tokyo hyperlapse

julho 23, 2020
© Artigos de História