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Dica site - Chibatas.

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010
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Livro que pertenceu a Hitler reduz esse ícone do mal à dimensão humana

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Livro que pertenceu a Hitler reduz esse ícone do mal à dimensão humana
23 de Março de 2009, às 11:54h

Há três anos, os bens de Yves Saint Laurent foram leiloados por quase meio bilhão de dólares. Duas semanas atrás, um punhado de pertences pessoais de Mahatma Gandhi - óculos de aro redondo, um par de sandálias, uma tigela de arroz - foram vendidos por US$ 1,8 milhão. Na semana passada, um livro da desaparecida biblioteca pessoal de Adolf Hitler foi oferecido no famoso centro de leilão parisiense Hotel Drouot por um lance inicial de mil euros. Depois de uma rápida rodada de apostas, o volume foi vendido por € 1.800.No caso de um Matisse de Yves Saint Laurent, vendido por € 35,9 milhões, o comprador investiu num bem cultural durável e, é claro, no bom gosto impecável do último dono. O milionário indiano que ofereceu o lance vencedor para os pertences de Gandhi disse que queria repatriar os objetos para exibição pública em seu país.
Mas o que motiva alguém a comprar um artefato de Hitler? Toda vez que pertences autênticos de Hitler vão a leilão, é inevitável e compreensível que o número de protestos se iguale ao número de apostas - acusações de especulação; críticas quanto à fetichização do líder nazista morto; inquietações quanto à natureza dos possíveis compradores ("Que tipo de pessoa compraria esse tipo de coisa?")
Com a maioria dos artefatos de Hitler, como o globo que foi vendido por US$ 100 mil, essas questões são certamente compreensíveis e justificáveis. Mas um livro da biblioteca particular de Hitler pode ser mais do que o objeto de um desejo questionável.
Hitler não era apenas um bibliófilo fanático, tendo reunido uma biblioteca de 16 mil volumes até sua morte, mas era também um leitor voraz que dizem ter lido um livro por noite durante a maior parte de sua vida adulta. Os livros eram uma parte integral do seu caráter e identidade. "Quando uma pessoa dá, tem que receber", disse ele uma vez. "E o que eu preciso, recebo dos livros".
Nesse sentido, os livros de Hitler são mais do que meros artefatos. Os volumes que ele leu e estudou, as passagens marcadas a lápis, tudo isso diz algo sobre seus interesses e sobre o curso de seus pensamentos em algumas de suas horas mais íntimas. Eles nos permitem observar este ícone do mal reduzido a dimensões humanas: um homem de meia idade numa poltrona com um livro na mão, e, vez ou outra, um lápis.
A maior parte da coleção de Hitler, dividida entre três bibliotecas elegantemente mobiliadas em suas casas de Berlim, Munique e em seu retiro nos Alpes em Obersalzberg, desapareceu na primavera de 1945, vítima da caça de troféus coletiva dos soldados americanos, franceses e do Exército Vermelho.
A parte remanescente da biblioteca, cerca de 1.200 livros - que incluem uma coleção de ensaios escrita por Gandhi - pode ser encontrada no setor de livros raros da Livraria do Congresso em Washington, D.C. Outros 80 livros, retirados do abrigo de Hitler em Berlim depois de seu suicídio, estão na Universidade Brown, em Rhode Island. Há relatos de que um número desconhecido, talvez vários milhares de livros, esteja escondido num arquivo de Moscou.
Portanto, quando volumes isolados vêm à tona - como o que foi leiloado no Hotel Druout -, eles representam exatamente o tipo de fonte primária de evidência histórica de que os estudiosos de Hitler carecem. Infelizmente, esses livros aparecem rapidamente nos leilões e depois somem em coleções privadas.
Um colecionador americano juntou dezenas de livros de Hitler, incluindo uma coleção da obra de Shakespeare em dez volumes encadernados à mão em couro trabalhado com uma suástica e as iniciais "AH" gravadas na lombada. Hitler citava Shakespeare frequentemente - "Ser ou não ser" era sua frase favorita.
Um morador do norte do Estado de Nova York comprou um livro de Hitler de um sebo por 50 centavos. O livro de 200 páginas e capa dura, "God's Realm and the World Today" [algo como "O Reino de Deus e o Mundo de Hoje"], foi publicado em 1915 e tem muitas anotações. Um colecionador holandês encontrou uma cópia surrada de Hitler do livro "Life of Frederick the Great" ["A Vida de Frederico, o Grande"] de Thomas Carlyle, uma biografia do século 19 que enaltece o fervor destrutivo do rei da Prússia e que alimentou as esperanças delusórias de Hitler em relação a uma miraculosa mudança de sorte na primavera de 1945.

Hitler estava lendo Carlyle nas semanas anteriores a seu suicídio.

De acordo com o catálogo do leilão montado pela empresa parisiense Kahn-Dumousset, o livro de Hitler em oferta na semana passada era um volume de antiquário, publicado em 1712, com uma ilustração de frontispício que mostrava o "furor, guerra, ódio e discórdia" na história europeia, e contava a história dos governantes europeus desde o duque de Savoy até o rei da Prússia.
O livro foi supostamente retirado do retiro de Hitler nos Alpes por um membro da 2ª Divisão Armada da França, o que empresta ao volume ainda mais valor histórico. A casa de Hitler nas montanhas abrigava muitos dos livros mais apreciados pelo líder nazista, incluindo seus volumes de Shakespeare.
Diferente de muitos outros livros remanescentes, que contêm dedicatórias de colegas ou admiradores nazistas - Heinrich Himmler, Herman Goering, Leni Reifenstahl, para citar alguns - esse volume não tem nenhuma dedicatória, sugerindo que foi uma aquisição particular, tornando-o assim ainda mais pessoal e relevante.
Na última quarta-feira, quando o livro de Hitler foi a leilão, junto com mais de outros 200 itens de antiquário, só havia lugar para ficar em pé no Hall 11 do Hotel Druout, mas ninguém respondeu ao lance de abertura de mil euros.
Entretanto, seguiu-se uma rodada movimentada de apostas anônimas por telefone, e o livro foi finalmente vendido por € 800 a mais do que o preço inicial. O tomo belamente encapado foi removido de vista e preparado para ser enviado para seu dono anônimo.
Hitler teria aprovado. No final de sua vida, o líder nazista ordenou que seus pertences pessoais fossem destruídos numa tentativa de obliterar o máximo possível sua vida privada. Ele queria ser lembrado exatamente como havia apresentado a si mesmo para o mundo: cheio de fúria, guerra, ódio e discórdia. Ele não queria deixar espaço para nuances, muito menos para insights sobre as obsessões e inseguranças particulares que alimentavam sua personalidade.
Enquanto o Matisse de Yves Saint Laurent passou da coleção de um investidor para outro e os artefatos pessoais de Gandhi retornaram para sua terra natal como patrimônio nacional, o livro de Hitler - como muitas outras coisas que poderiam nos dar mais informações sobre essa personalidade impenetrável - foi destinado a uma obscuridade ainda maior.
* Timothy W. Ryback é secretário geral da Academia Diplomática Internacional, e autor de "Hitler's Private Library: The Books that Shaped the Man" [algo como "A Biblioteca Particular de Hitler: Os Livros que Formaram o Homem"].
Tradução: Eloise De Vylder
UOL/Herald Tribune

Fonte: http://www.nucleodenoticias.com.br/2009/03/23/livro-que-pertenceu-a-hitler-reduz-esse-icone-do-mal-a-dimensao-humana/

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1939: Primeiro atentado contra Hitler

segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Hitler em 1939, ao receber o premiê tcheco Joseph Tiso em Berlim

No dia 8 de novembro de 1939, Hitler escapou por pouco de um atentado que matou oito pessoas numa cervejaria de Munique.

 
A bomba, detonada no porão de uma cervejaria em Munique, matou oito pessoas e causou ferimentos em outras 63. Tratava-se de um atentado a Adolf Hitler, que havia se retirado do local pouco antes da explosão. Seu autor, capturado na mesma noite ao tentar fugir para a Suíça, ficou preso no campo de concentração de Dachau e foi morto pouco antes de acabar a Segunda Guerra Mundial.
A guerra iniciada por Hitler poucos meses antes preocupava os alemães. Os principais críticos da tática expansionista do Führer estavam entre os políticos, funcionários do alto escalão militar ou dos ministérios do Reich. Havia também os individualistas, caso do carpinteiro Georg Elser, de 36 anos, que planejou e executou o atentado a bomba contra Hitler no porão de uma cervejaria.
Nos poucos dias que antecederam a reunião anual para lembrar o atentado fracassado contra Hitler de 1923, Elser conseguiu entrar mais de 30 vezes, à noite e despercebido, nos salões no porão da cervejaria Bürgerbräu e montar o artefato dentro de um dos pilares de madeira. Ele havia conseguido o explosivo numa pedreira, onde começou a trabalhar exclusivamente para roubar a dinamite.
Prisão na mesma noite
Devido à guerra, as festividades tiveram um programa bem mais curto do que o previsto. Por isso, o discurso de Hitler aconteceu bem mais cedo e ele deixou o local exatamente 13 minutos antes de a bomba explodir. Elser foi preso na mesma noite, quando tentava escapar para a Suíça.
O ódio a Hitler, a morte do irmão num campo de concentração e seus contatos com a resistência comunista o haviam levado a cometer o atentado. Georg Elser ficou preso no campo de concentração de Dachau, perto de Munique, sendo assassinado por membros da Gestapo e da SS quase no final da guerra, em 1945.
 
Doris Bulau (rw)
Source: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,671357,00.html?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-nl
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Livro Traz História De cangaceiros por meio de estudo dos trajes e chapéus

Livro Traz História De cangaceiros por meio de estudo dos trajes e chapéus

domingo, 7 de novembro de 2010

Fonte: JORNAL CORREIO BRAZILIENSE Publicação: 22/08/2010


É no mínimo curioso que a insurgência popular dos cangaceiros, ocorrida no começo do século 20, nunca tenha sido tema de um estudo particular e profundo, apesar de ser assunto permanente no imaginário do povo brasileiro. Frederico Pernambucano de Mello, historiador especialista em violência rural, investiga a trajetória dos donos do sertão nordestino e preenche uma lacuna histórica no livro Estrelas de couro: a estética do cangaço, prefaciado por Ariano Suassuna e editado com mais de 300 imagens.
Em 1997, Mello decidiu iniciar o estudo devido a um incômodo estético, que costumava o afligir quando se deparava com peças de acervos públicos e privados. “Havia um requinte, um orgulho, uma imantação estética em cada peça daquela, um conjunto de valores”, avalia.
Segundo o pesquisador, o cangaceiro não é um criminoso comum. A composição dos trajes, que, além de punhais, rifles e pistolas, eram adornados com chapéu, bornais, cartucheiras e perneiras extravagantes, denuncia: trata-se de um bandido requintado, diferente do fora da lei urbano que protagoniza os noticiários. “O criminoso procura se mimetizar, se ocultar, e facilitar os seus golpes. Como a gente vê nos criminosos da cidade, o próprio pistoleiro do sertão. O cangaceiro, não. Se você considerar a paisagem sertaneja, que não é a mais exuberante, a presença daqueles homens era um verdadeiro porre de cores. E eles eram vistos na caatinga como se fossem extraterrestres”, afirma o pernambucano.
Eles andavam de lá pra cá pelo sertão, saqueando propriedades privadas e fugindo da polícia. Distante das definições que enquadram os cangaceiros ora como justiceiros ora como assassinos, Mello procura apenas conferir aos primeiros anos do cangaço o status de evento histórico importante. Para ele, o movimento liderado por Lampião e Maria Bonita se assemelha às revoltas de índios, mestiços e negros, no período colonial. “No tempo que ocorreram, os movimentos foram ilegais. Com o passar do tempo, havia algo relevante, com anseios de formação da nação brasileira. O cangaço é irmão do indígena, do quilombo e da revolta social, mas tem características curiosas. Primeiro, ele não é intermitente. E é metarracial: você podia ser caboclo, negro, sarará, ter olhos verdes; qualquer forma racial habilitava a fazer parte do grupo. É o grande irredentismo metarracial brasileiro. Isso, como tema histórico, reconcilia o cangaço com a história do Brasil”, analisa.
Os uniformes decorados dos cabras da peste também tinham valor simbólico e místico. Os inconfundíveis chapéus, por exemplo, carregados de estrelas e moedas, serviam de amuleto de proteção contra males humanos e porventura espirituais. “Ele se cercava por todos os lados. Se fosse flagrado, estava protegido pelos vários sinais, que são pobres quando considerados singulares, porque são orientais e milenares, mas eram aproveitados pelo cangaceiro na composição, como arte de síntese. Pude ver o cangaceiro como o índio, o samurai ou o cavaleiro medieval europeu. Eles carregam consigo a arte popular. O cangaceiro, na aba do chapéu, na cartucheira, na pistola, até na perneira”, comenta o escritor.
A conexão explícita do homem com a divindade, própria do homem primitivo, permanece nas narrativas do cangaço por meio do conjunto estético, que pode ajudar a entender de maneira menos preconceituosa os bandoleiros. “É preciso considerar as atenuantes culturais do fenômeno: o cangaceiro foi alguém que protagonizou uma tradição brasileira aberta no século 16, o irredentismo. Era um período em que não havia poder público muito definido no sertão. A justiça social tinha que ser administrada de algum modo”, explica.

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Pagú: Ontem e Hoje.

sábado, 6 de novembro de 2010

Ela foi musa do antropofagismo, escritora, jornalista, poetisa, desenhista, militante política e agitadora cultural. Cem anos após seu nascimento, recebe homenagens e permanece como um exemplo de ousadia e determinação


INFÂNCIA E GRAVIDEZ
Patrícia Rehder Galvão
 nasceu no dia 9 de junho de 1910, em São João da Boa Vista (SP), em uma família burguesa e repressora. “O primeiro fato consciente da minha vida foi a entrega do meu corpo. Eu tinha 12 anos incompletos. Tinha plena consciência de todas as consequências que poderia enfrentar”, escreveu ela, em uma carta a seu terceiro marido, Geraldo Ferraz, publicada no livro Paixão Pagu (Ed. Agir). Aos 14, engravida de Olímpio Guilherme, galã da época, e tem seu primeiro aborto.
APELIDO A família muda-se para São Paulo, e Patrícia desfila pela cidade de camisa transparente, batom escuro e cigarro na boca. Em 1925, três anos depois da Semana de Arte Moderna, começa a publicar poemas e desenhos no Brás Jornal, com o pseudônimo Patsy. A jovem conquista os artistas modernistas, como o poeta Raul Bopp, que, pensando que ela se chama Patrícia Goulart, a batiza de Pagu.
TRIÂNGULO AMOROSO COM TARSILA E OSWALD Raul insere Pagu, então com 18 anos, no Movimento Antropofágico, e o casal Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral faz dela a queridinha do grupo. “Se o lar de Tarsila vacila, é por causa do angu de Pagu”, escreve Oswald, apaixonado pela jovem. Em um casamento arranjado por Tarsila e Oswald, ela se junta com um pintor e vai para a Bahia – tem 19 anos e está grávida do escritor (seu segundo aborto). Oswald deixa Tarsila e pede que Pagu volte.
NOIVA LIBERAL Dias antes de seu casamento com Oswald, Pagu, grávida novamente, o flagra com outra. Em carta a Geraldo Ferraz, então seu amigo, ela comenta o episódio e diz que foi apresentada como a noiva liberal. “Fingi compreender. O medo do ciúme ficou exposto. Tomamos café juntos, os três. Havia a imensa gratidão pela brutalidade da franqueza.”
MILITÂNCIA POLÍTICA Três meses após dar a luz a Rudá de Andrade, Pagu viaja para Buenos Aires, de onde traz livros comunistas. Em 1931, funda o jornal O Homem do Povo, levando Oswald para a militância. O tabloide é fechado e a dupla foge para Montevidéu, onde encontra o revolucionário Luís Carlos Prestes. Em prol do PCB (Partido Comunista do Brasil), ela deixa o filho, vai para o Rio de Janeiro, passa fome e é presa – nesse momento, passa a questionar os ideais políticos que a levaram até ali. A decepção com o partido a leva ao isolamento. Em 1933, publica o romanceParque Industrial, com o pseudônimo Mara Lobo, e mostra sua ligação com o comunismo mesmo fora do partido.
VIAGENS Pagu parte por conta própria para uma viagem internacional, durante a qual envia reportagens para jornais brasileiros, como uma entrevista com o pai da psicanálise, Sigmund Freud. NaManchúria, acompanha a coroação de Pu Yi, o último imperador, de quem recebe 19 vasinhos de soja. Raul Bopp, cônsul no Japão, encaminha as mudas ao Ministério da Agricultura, que inicia o cultivo do grão no Brasil. Em Moscou, a miséria derruba o ideal político de Pagu. Na França, ela é detida e repatriada.
PRISÃO Ela passa quatro anos encarcerada pela Intentona Comunista, lançada em 1935 contra o governo de Getúlio Vargas. Ao ser liberada, com 30 anos, abandona a luta comunista, separa-se de Oswald e casa-se com o escritor Geraldo Ferraz, com quem tem seu segundo filho, em 1941. Com o marido, ela edita o suplemento literário do jornal Diário de São Paulo, que apresenta autores inéditos no país, como James Joyce, Franz Kafka e Bertolt Brecht.
ARTES DRAMÁTICAS Na década de 1950, Pagu faz aulas na Escola de Arte Dramática de São Paulo e já não lembra a personagem polêmica: prefere ser chamada de Patrícia e foge dos holofotes. Ela se muda paraSantos com a família. Lá, trabalha no jornal A Tribuna e estimula a vida cultural da cidade.
CÂNCER Nos últimos anos de vida, Pagu exibe roupas escuras, cabelos despenteados e um ar melancólico. Em 1962, viaja a Paris para um tratamento de câncer. Lá, tenta suicidar-se com um tiro no peito, mas sobrevive. De volta ao Brasil, doa sua biblioteca de teatro à Escola de Arte Dramática e morre na casa onde morava, em Santos.
LIXO E HOMENAGEM Em 2004, uma catadora de lixo de São Paulo encontra fotos e documentos de Pagu jogados na rua – caso que ganha repercussão na mídia. Em 2010, ano no qual se celebra o centenário de nascimento de Pagu, ela é homenageada com uma fotobiografia e as exposições “Viva Pagu!” na Casa das Rosas, em São Paulo, e no Centro de Estudos Pagu, na Unisanta, em Santos.
Fonte: http://revistacriativa.globo.com/Revista/Criativa/0,,EMI144610-17376-1,00-PAGU+ONTEM+E+HOJE.html

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Pagú: Breve Biografia

Pagú: Breve Biografia

Ela fez de sua vida um campo de batalha contra a intolerância, os desmandos e os grilhões impostos por senhores de uma sociedade retrógrada e, nos mais diversos aspectos, injusta. E mais do que isso, ela se fez mulher. Um espírito batalhador que foi capaz de ir muito além dos limites impostos por seu corpo físico e que inovou e revolucionou costumes. 

PATRÍCIA GALVÃO - PAGU



Nascida em São João da Boa Vista, São Paulo, em 9 de junho de 1910, aos 15 anos de idade, Patrícia Rehder Galvão já colaborava com o jornal de sua escola. O apelido Pagu foi dado por Raul Bopp. Ela teria lhe mostrado alguns textos e o poeta sugeriu que ela adotasse um nome literário. Sugeriu Pagu, brincando com as sílabas do nome da escritora, que Bopp equivocadamente acreditava se chamar Patrícia Goulart.

Oswald de Andrade acabou se apaixonando pela jovem, que aos 18 anos era corajosa, cheia de idéias vanguardistas e de uma beleza intrigante. Foi correspondido e começou achá-la o "mais autêntico símbolo feminino da ousadia e inconformismo artístico e cultural de seu tempo". Mas, a grande admiração e amizade que Pagu tinha por Tarsila (esposa de Oswald), fez com que inicialmente o romance se tornasse complicado. Nesse período ela começou a escrever para a "Revista Antropofágica" (editada pelos modernistas) e a fazer grandes obras como "Álbum de Pagu", dedicado à Tarsila e o "Diário a quatro mãos", com Oswald de Andrade.

No início de 1930, separado de Tarsila, Oswald e Pagu se casam, numa cerimônia um pouco estranha. O acontecimento foi simbólico, realizado no cemitério da Consolação, em São Paulo. Só mais tarde, eles se retrataram na igreja. No ano seguinte, o casal se alistou na militância do Partido Comunista e nesta fase editam o jornal esquerdista "O Homem do Povo", através do qual faziam críticas severas, bem-humoradas e acima de tudo polêmicas à sociedade paulista da época. Nesse jornal, Pagu assinava uma coluna feminista, "A Mulher do Povo". Queria, através de seu trabalho, impulsionar a mulher à luta, ao trabalho e ao mundo.

Apesar de sua fidelidade e coragem, era vista pelos membros do PCB como uma agitadora sensacionalista. Seu feminismo ousado irritava os mais tradicionais do partido e, quando foi presa em um comício de estivadores realizado em Santos, não foi defendida pelo partido.

O casamento e as paixões eram temas freqüentes em seus artigos. Para ela o mundo moderno havia trazido consigo a falência do romantismo amoroso e a decomposição do amor eterno. As mulheres deveriam estar preparadas para isto e buscar uma sensualidade sadia e "autoconsciente". Pagu sabia que, em sua cultura e sociedade, a mulher estava, mais do que nunca, condicionada a represar a sua libido, mas que o mundo estava mudando e por isso a brasileira deveria constituir uma nova feminilidade.
Pagu, sempre foi uma mulher à frente de seu tempo. Casada e com uma filha, jamais se limitou à rotina da vida doméstica e muito menos às incoerências do seu Partido. Como jornalista, era ainda mais contundente, escrevendo sobre a condição feminina das mulheres das classes menos privilegiadas, em São Paulo. Em 1929, com o pseudônimo de Mara Lobo, escreveu sua obra mais famosa, "Parque Industrial". O pseudônimo foi adotado por exigência do seu Partido. Ao contrário da vertente regionalista de 30, Pagu trata de um Brasil urbano, em pleno processo de industrialização, e de uma problemática de classe, envolvendo uma classe média de valores burgueses e um proletariado que, embora explorado, não se cala frente à opressão. Após essa publicação, começou a viajar pelo mundo como correspondente dos jornais "Correio da Manhã", "Diário de Notícias" e "A Noite". Suas viagens renderam frutos, pois acabou sendo a primeira repórter latino-americana a presenciar a coroação do Imperador de Manchúria (China) à coroação de Pu Yi. Foi através deste evento que ela obteve as primeiras sementes de soja para serem plantadas no Brasil. Assim, Patrícia Galvão marcou sua presença na vida brasileira não apenas através de sua vida política e de suas contribuições culturais, mas também mostrando-se uma das responsáveis pela introdução de uma nova espécie agrícola, de grande importância para o país.

Chegando em Paris, arrumou uma identidade falsa, Leonnie, e alistou-se no PCF. Presa, identificada como estrangeira e na iminência de ser submetida a Conselho de Guerra ou deportada para a fronteira da Itália ou Alemanha, foi identificada pelo embaixador Souza Dantas, que conseguiu a repatriação de Pagu. Seu regresso não foi nada feliz, seu casamento com Oswald não estava bem e o Brasil era regido pelo Estado Novo de Getúlio Vargas. Pagu foi novamente presa, sofrendo terríveis torturas nos quatro anos e meio que ficou em cárcere. Ao sair da cadeia, estava impressionantemente magra, com o seu físico e emocional em pedaços. Apesar de tudo, não se entregou, e lúcida, decidiu romper definitivamente com o Partido Comunista.

Após a separação de Oswald, Pagu casou-se com o jornalista Geraldo Ferraz e com ele teve seu segundo filho, indo morar em Santos. Juntos foram redatores de "A Manhã" e de "O Jornal", no Rio, e de "A Noite", em São Paulo.

Entre 1946 e 1948, Pagu integrou, sob a coordenação de Ferraz, a equipe do suplemento literário do "Diário de São Paulo". Assinava a seção "Cor Local", onde prolongava seu combate cultural. Em 1949, Pagu tentou o suicídio com um tiro na cabeça. Escreveu sobre isso em "Verdade e Liberdade", panfleto de 1950: "Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas".

Na década de 50, partiu para novas empreitadas fundando a Associação dos Jornalistas Profissionais. Em uma última tentativa de resgatar sua militância política, candidatou-se pelo Partido Socialista Brasileiro, mas não foi eleita. Seu discurso acabou não agradando. Nele revelava as condições degradantes a que fora submetida, que seus nervos e inquietações acabaram transformando-a "numa rocha vincada de golpes e amarguras, mas irredutível". Em 1955 tornou-se crítica de teatro, literatura e televisão do jornal "A Tribuna" de Santos. Traduziu para o teatro a peça de Tonesco, "A Cantora Careca". Dirigiu e também traduziu a peça de Arrabal "Fango e Lis" com um grupo amador (essa peça teve estréia mundial em Santos, sendo vista até em Paris, ficando mais de dez anos em cartaz). Incentivou o teatro amador, fez campanha para a construção do Teatro Municipal (instalado hoje no Centro de Cultura que leva seu nome), traduziu e dirigiu teatro de vanguarda, fundou a União do Teatro Amador, que revelou tantos artistas depois consagrados em teatro e televisão. Foi o caso de Plínio Marcos que conheceu Pagu, como o palhaço de circo Frajola. Foi ela quem incentivou o nascimento do dramaturgo. Dono de uma linguagem crua, a única que conhecia, e de uma densa carga dramática, apresentou a ela o texto de "Barrela". Em uma época em que dizer palavrão em público podia ser considerado um ato ofensivo, era praticamente impossível apresentar uma peça que tratava de estupro e códigos de conduta dentro de uma cela. Tanto que, logo após a primeira exibição, em 1959, "Barrela" foi premiada e censurada em seguida.

Em fins de setembro de 1962, viajou para Paris, na intenção de submeter-se a uma intervenção cirúrgica. A cirurgia não apresentou grandes resultados, o que levou Pagu a tentar novamente o suicídio. Nos últimos anos de vida, apesar de trabalhar incansavelmente pela cultura, começou a beber de forma compulsiva. Suas roupas ficam surradas, escuras e fora de moda. Seus cabelos viviam despenteados, seu olhar era angustiado, cansado, vago...

Datado de 23 de setembro de 1962, esse foi seu último texto, antes de viajar para Paris: "Nada, nada, nada. Nada mais do que nada. Abrir meu abraço aos amigos de sempre. Poetas compareceram, alguns escritores, gente de teatro, birutas no aeroporto. E nada."Precisava ser operada, o câncer a perseguia. Sem sucesso, voltou para o Brasil. Faleceu em 12 de dezembro de 1962.

"O escritor da aventura não teme a aprovação ou a renovação dos leitores. É-lhe indiferente que haja ou não, da parte dos críticos, uma compreensão suficiente. O que lhe importa é abrir novos caminhos à arte, é enriquecer a literatura com gérmens que venham a fecundar a literatura dos próximos cem anos".

Fontes: 
http://www.spbancarios.com.br/rb88/rb12.htm 
http://www.aleitamento.org.br/meninas/pagu.htm 
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