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Pagú: Breve Biografia

  • sábado, 6 de novembro de 2010
  • História Brasil Pagú
Ela fez de sua vida um campo de batalha contra a intolerância, os desmandos e os grilhões impostos por senhores de uma sociedade retrógrada e, nos mais diversos aspectos, injusta. E mais do que isso, ela se fez mulher. Um espírito batalhador que foi capaz de ir muito além dos limites impostos por seu corpo físico e que inovou e revolucionou costumes. 

PATRÍCIA GALVÃO - PAGU



Nascida em São João da Boa Vista, São Paulo, em 9 de junho de 1910, aos 15 anos de idade, Patrícia Rehder Galvão já colaborava com o jornal de sua escola. O apelido Pagu foi dado por Raul Bopp. Ela teria lhe mostrado alguns textos e o poeta sugeriu que ela adotasse um nome literário. Sugeriu Pagu, brincando com as sílabas do nome da escritora, que Bopp equivocadamente acreditava se chamar Patrícia Goulart.

Oswald de Andrade acabou se apaixonando pela jovem, que aos 18 anos era corajosa, cheia de idéias vanguardistas e de uma beleza intrigante. Foi correspondido e começou achá-la o "mais autêntico símbolo feminino da ousadia e inconformismo artístico e cultural de seu tempo". Mas, a grande admiração e amizade que Pagu tinha por Tarsila (esposa de Oswald), fez com que inicialmente o romance se tornasse complicado. Nesse período ela começou a escrever para a "Revista Antropofágica" (editada pelos modernistas) e a fazer grandes obras como "Álbum de Pagu", dedicado à Tarsila e o "Diário a quatro mãos", com Oswald de Andrade.

No início de 1930, separado de Tarsila, Oswald e Pagu se casam, numa cerimônia um pouco estranha. O acontecimento foi simbólico, realizado no cemitério da Consolação, em São Paulo. Só mais tarde, eles se retrataram na igreja. No ano seguinte, o casal se alistou na militância do Partido Comunista e nesta fase editam o jornal esquerdista "O Homem do Povo", através do qual faziam críticas severas, bem-humoradas e acima de tudo polêmicas à sociedade paulista da época. Nesse jornal, Pagu assinava uma coluna feminista, "A Mulher do Povo". Queria, através de seu trabalho, impulsionar a mulher à luta, ao trabalho e ao mundo.

Apesar de sua fidelidade e coragem, era vista pelos membros do PCB como uma agitadora sensacionalista. Seu feminismo ousado irritava os mais tradicionais do partido e, quando foi presa em um comício de estivadores realizado em Santos, não foi defendida pelo partido.

O casamento e as paixões eram temas freqüentes em seus artigos. Para ela o mundo moderno havia trazido consigo a falência do romantismo amoroso e a decomposição do amor eterno. As mulheres deveriam estar preparadas para isto e buscar uma sensualidade sadia e "autoconsciente". Pagu sabia que, em sua cultura e sociedade, a mulher estava, mais do que nunca, condicionada a represar a sua libido, mas que o mundo estava mudando e por isso a brasileira deveria constituir uma nova feminilidade.
Pagu, sempre foi uma mulher à frente de seu tempo. Casada e com uma filha, jamais se limitou à rotina da vida doméstica e muito menos às incoerências do seu Partido. Como jornalista, era ainda mais contundente, escrevendo sobre a condição feminina das mulheres das classes menos privilegiadas, em São Paulo. Em 1929, com o pseudônimo de Mara Lobo, escreveu sua obra mais famosa, "Parque Industrial". O pseudônimo foi adotado por exigência do seu Partido. Ao contrário da vertente regionalista de 30, Pagu trata de um Brasil urbano, em pleno processo de industrialização, e de uma problemática de classe, envolvendo uma classe média de valores burgueses e um proletariado que, embora explorado, não se cala frente à opressão. Após essa publicação, começou a viajar pelo mundo como correspondente dos jornais "Correio da Manhã", "Diário de Notícias" e "A Noite". Suas viagens renderam frutos, pois acabou sendo a primeira repórter latino-americana a presenciar a coroação do Imperador de Manchúria (China) à coroação de Pu Yi. Foi através deste evento que ela obteve as primeiras sementes de soja para serem plantadas no Brasil. Assim, Patrícia Galvão marcou sua presença na vida brasileira não apenas através de sua vida política e de suas contribuições culturais, mas também mostrando-se uma das responsáveis pela introdução de uma nova espécie agrícola, de grande importância para o país.

Chegando em Paris, arrumou uma identidade falsa, Leonnie, e alistou-se no PCF. Presa, identificada como estrangeira e na iminência de ser submetida a Conselho de Guerra ou deportada para a fronteira da Itália ou Alemanha, foi identificada pelo embaixador Souza Dantas, que conseguiu a repatriação de Pagu. Seu regresso não foi nada feliz, seu casamento com Oswald não estava bem e o Brasil era regido pelo Estado Novo de Getúlio Vargas. Pagu foi novamente presa, sofrendo terríveis torturas nos quatro anos e meio que ficou em cárcere. Ao sair da cadeia, estava impressionantemente magra, com o seu físico e emocional em pedaços. Apesar de tudo, não se entregou, e lúcida, decidiu romper definitivamente com o Partido Comunista.

Após a separação de Oswald, Pagu casou-se com o jornalista Geraldo Ferraz e com ele teve seu segundo filho, indo morar em Santos. Juntos foram redatores de "A Manhã" e de "O Jornal", no Rio, e de "A Noite", em São Paulo.

Entre 1946 e 1948, Pagu integrou, sob a coordenação de Ferraz, a equipe do suplemento literário do "Diário de São Paulo". Assinava a seção "Cor Local", onde prolongava seu combate cultural. Em 1949, Pagu tentou o suicídio com um tiro na cabeça. Escreveu sobre isso em "Verdade e Liberdade", panfleto de 1950: "Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas".

Na década de 50, partiu para novas empreitadas fundando a Associação dos Jornalistas Profissionais. Em uma última tentativa de resgatar sua militância política, candidatou-se pelo Partido Socialista Brasileiro, mas não foi eleita. Seu discurso acabou não agradando. Nele revelava as condições degradantes a que fora submetida, que seus nervos e inquietações acabaram transformando-a "numa rocha vincada de golpes e amarguras, mas irredutível". Em 1955 tornou-se crítica de teatro, literatura e televisão do jornal "A Tribuna" de Santos. Traduziu para o teatro a peça de Tonesco, "A Cantora Careca". Dirigiu e também traduziu a peça de Arrabal "Fango e Lis" com um grupo amador (essa peça teve estréia mundial em Santos, sendo vista até em Paris, ficando mais de dez anos em cartaz). Incentivou o teatro amador, fez campanha para a construção do Teatro Municipal (instalado hoje no Centro de Cultura que leva seu nome), traduziu e dirigiu teatro de vanguarda, fundou a União do Teatro Amador, que revelou tantos artistas depois consagrados em teatro e televisão. Foi o caso de Plínio Marcos que conheceu Pagu, como o palhaço de circo Frajola. Foi ela quem incentivou o nascimento do dramaturgo. Dono de uma linguagem crua, a única que conhecia, e de uma densa carga dramática, apresentou a ela o texto de "Barrela". Em uma época em que dizer palavrão em público podia ser considerado um ato ofensivo, era praticamente impossível apresentar uma peça que tratava de estupro e códigos de conduta dentro de uma cela. Tanto que, logo após a primeira exibição, em 1959, "Barrela" foi premiada e censurada em seguida.

Em fins de setembro de 1962, viajou para Paris, na intenção de submeter-se a uma intervenção cirúrgica. A cirurgia não apresentou grandes resultados, o que levou Pagu a tentar novamente o suicídio. Nos últimos anos de vida, apesar de trabalhar incansavelmente pela cultura, começou a beber de forma compulsiva. Suas roupas ficam surradas, escuras e fora de moda. Seus cabelos viviam despenteados, seu olhar era angustiado, cansado, vago...

Datado de 23 de setembro de 1962, esse foi seu último texto, antes de viajar para Paris: "Nada, nada, nada. Nada mais do que nada. Abrir meu abraço aos amigos de sempre. Poetas compareceram, alguns escritores, gente de teatro, birutas no aeroporto. E nada."Precisava ser operada, o câncer a perseguia. Sem sucesso, voltou para o Brasil. Faleceu em 12 de dezembro de 1962.

"O escritor da aventura não teme a aprovação ou a renovação dos leitores. É-lhe indiferente que haja ou não, da parte dos críticos, uma compreensão suficiente. O que lhe importa é abrir novos caminhos à arte, é enriquecer a literatura com gérmens que venham a fecundar a literatura dos próximos cem anos".

Fontes: 
http://www.spbancarios.com.br/rb88/rb12.htm 
http://www.aleitamento.org.br/meninas/pagu.htm 
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