Artigos de História
  • Home
  • _Sobre
  • _Privacidade
  • _.
  • _.
  • Lojinha
  • Contato

À sombra da praça Haymarket

  • sábado, 7 de maio de 2011
  • Acervo
Boca no Trombone
À sombra da praça Haymarket
Albert Persons, August Spies, Sam Fielden, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Schwab, Louis Lingg e Georg Engel. Não, não é uma lista de roqueiros. Tampouco de participantes de algum reality show, membros de uma banca de doutorado ou reservas de um time de rugby. São personagens do episódio sangrento que deu origem, em 1886, ao 1º de Maio, o Dia Internacional dos Trabalhadores.
No início da década de 1880, a jornada média de trabalho nos Estados Unidos era de 16 horas diárias. Os salários mal davam para a sobrevivência. O movimento operário, até então dividido e frágil, começa a se robustecer com as levas migratórias, sobretudo de irlandeses, alemães e escandinavos (a população norte-americana salta de 9,6 milhões em 1820 para 31,3 milhões em 1860). A mídia era implacável sobre os direitos dos trabalhadores. Eis o que opinou o Chicago Times, em abril de 1886: “O único jeito de curar os trabalhadores do orgulho é reduzi-los a máquinas humanas, e o melhor alimento que os grevistas podem ter é chumbo”.
Em 1881, nasce a Federação Americana do Trabalho (American Federation of Labor – AFL). Num congresso realizado em Chicago em novembro de 1884, as entidades sindicais congregadas na AFL unificam suas reivindicações em torno de uma palavra de ordem: “Oito horas de trabalho, oito horas de descanso, oito horas de educação”. O prazo para que os patrões atendessem a reivindicação seria 1º de maio de 1886.
Na data marcada, os Estados Unidos são sacudidos por grandes manifestações operárias e muitas fábricas são paralisadas. Em Chicago, a praça Haymarket concentra, pacificamente, comícios e passeatas. A mobilização continua por vários dias. No dia 3 de maio, a polícia abre fogo contra operários da fábrica McCormick Harvester, matando seis deles e ferindo dezenas. Centenas são presos. Em protesto, é convocado para o dia seguinte um ato na Haymarket.
Durante o ato, pacífico como os anteriores, a polícia reprime brutalmente os manifestantes. De repente, uma bomba é lançada contra os policiais (nunca se soube de onde ela veio). Foi a senha para uma violência ensandecida. Trabalhadores foram abatidos como moscas, presos aos milhares. Sedes de sindicatos são incendiadas e casas são invadidas a esmo por facínoras contratados pelos patrões. A imprensa exige a punição dos “terroristas vermelhos”. Sem qualquer prova, oito líderes sindicais (Persons, Spies, Fielden, Neeb, Fischer, Schwab, Lingg e Engel) são presos. Eram os “suspeitos de sempre”.
Numa farsa que envergonha até hoje o sistema judicial norte-americano, os juízes condenam os oito sindicalistas. A sentença para Parsons, Engel, Fischer, Lingg e Spies foi a morte por enforcamento. Com isso, o Estado assassina trabalhadores “inconvenientes”, na expectativa de desmobilizar a massa operária.
Em 1890, o 1º de Maio passa a ser o Dia Internacional dos Trabalhadores, dedicado a manifestações por melhores condições de trabalho e, em muitos casos, pela extinção das sociedades divididas entre exploradores e explorados. Nos últimos anos, esse caráter combativo, herança dos Mártires de Chicago, anda, não raro, substituído por festinhas patrocinadas por governos e empresários, piqueniques e confraternizações suspeitas com políticos oportunistas. Sindicatos chapa branca e centrais sindicais domesticadas chancelam a desidratação da história das lutas operárias. No Brasil e no mundo, felizmente, há honrosas e importantes exceções.
A participação de judeus nas grandes lutas dos trabalhadores é conhecida. Emma Goldman, Rosa Luxemburgo, Lev Bronstein, Emmanuel Ringelblum, Hersh Smolar, Salomão Malina, Jacob Gorender, Joe Slovo, Iara Iavelberg, Mário Schenberg, Nathan Weinstock, Vladimir Herzog, a lista nunca seria completa. Cada um deles, no trabalho intelectual ou na militância política, ajudou a engravidar o mundo com justiça e igualdade. É pensando neles que saudamos todos os trabalhadores neste 1º de Maio.
Diretoria da ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação
Next
Newer post
Previous
Older post
Next
Newer post
Previous
Older post

Sobre

Blog com postagens de avaliações de livros e afins.
+ sobre mim

🌷 Arquivos 🌷

  • abril 2022 (1)
  • agosto 2021 (1)
  • abril 2021 (2)
  • março 2021 (8)
  • outubro 2020 (2)
  • agosto 2020 (2)
  • julho 2020 (4)
  • junho 2020 (2)
  • maio 2020 (1)
  • abril 2020 (4)
  • março 2020 (5)
  • fevereiro 2020 (9)
  • janeiro 2020 (2)
  • dezembro 2019 (1)
  • novembro 2019 (6)
  • outubro 2019 (7)
  • setembro 2019 (9)
  • agosto 2019 (1)
  • julho 2019 (4)
  • junho 2019 (4)
  • abril 2019 (2)
  • março 2019 (1)
  • fevereiro 2019 (1)
  • janeiro 2019 (1)
  • setembro 2018 (1)
  • janeiro 2018 (4)
  • outubro 2017 (1)
  • janeiro 2016 (1)
  • março 2013 (1)
  • fevereiro 2012 (12)
  • janeiro 2012 (9)
  • dezembro 2011 (6)
  • novembro 2011 (4)
  • outubro 2011 (6)
  • agosto 2011 (1)
  • julho 2011 (4)
  • junho 2011 (3)
  • maio 2011 (6)
  • abril 2011 (4)
  • março 2011 (4)
  • fevereiro 2011 (11)
  • janeiro 2011 (10)
  • dezembro 2010 (30)
  • novembro 2010 (12)
  • outubro 2010 (6)
  • setembro 2010 (5)
  • agosto 2010 (36)
  • julho 2010 (24)
  • junho 2010 (1)
  • maio 2010 (2)
  • abril 2010 (1)
  • março 2010 (21)
  • fevereiro 2010 (4)
  • janeiro 2010 (10)
  • dezembro 2009 (1)

Technology

Mensagem LastFM

Subscribe Us

🌷 Lendo 🌷

Early Auburn
Early Auburn
by Art Sommers
5 Licoes de Storytelling: Fatos, Ficcao e Fantasia
5 Licoes de Storytelling: Fatos, Ficcao e Fantasia
by James McSill
Devil in a Coma
Devil in a Coma
by Mark Lanegan

goodreads.com

Subscribe Us

2023 Reading Challenge

Ræchəl has not entered the 2023 Reading Challenge.

Newsletter (Inativo)

Receive all posts on your email.

Fashion

This work is licensed under CC BY-NC-ND 4.0

Ad Code

Responsive Advertisement

Link List

  • Home
  • Termos
  • Privacidade
  • Contato

Popular-Posts

3/Technology/post-list


- Jornalista Digital. Contato: (Linkedin)
ORCID iD iconhttps://orcid.org/0000-0001-8417-3563
  • Home
  • About
  • Contact
  • Home
  • Features
  • _Multi DropDown
  • __DropDown 1
  • __DropDown 2
  • __DropDown 3
  • _ShortCodes
  • _SiteMap
  • _Error Page
  • Documentation
  • _Web Doc
  • _Video Doc
  • Download This Template
  • Download This Template

Footer Menu Widget

  • Home
  • About
  • Contact Us

Social Plugin

Categories

Tags

  • Acervo
  • Artes
  • Biografia
  • Ciência
  • Cinema
  • Cotidiano
  • Educação
  • História
  • História Brasil
  • Israel
  • Livros
  • Marx
  • Música
  • Outros
  • Pagú
  • Política Internacional
  • Socialismo
  • Tecnologia Educacional
  • Vídeo

Categories

  • Acervo30
  • Artes3
  • Biografia2
  • Ciência19
  • Cinema6
  • Cotidiano11
  • Educação20
  • História87
  • História Brasil33
  • Israel8
  • Livros7
  • Marx2
  • Música6
  • Outros67
  • Pagú54
  • Política Internacional6
  • Socialismo2
  • Tecnologia Educacional3
  • Vídeo78

Tags

Labels

Get All The Latest Updates Delivered Straight Into Your Inbox For Free!

Random-Posts

3/random/post-list

Business

5/Business/post-list

Popular Posts

Duque de Caxias: herói ou vilão da História ?

fevereiro 18, 2011

Páginas

  • Home

Facebook

Subscribe Us

Most Popular

Duque de Caxias: herói ou vilão da História ?

fevereiro 18, 2011
© Artigos de História