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Um caso de corrupção acadêmica

Um caso de corrupção acadêmica

sábado, 12 de fevereiro de 2011
O homem que me contou este caso não é nenhum corrupto. Ainda que não haja contradição entre ser um cientista e um senhor corrupto, ele é um mestre, um cientista. Para melhor situá-lo, direi que é biólogo de uma escola superior do sul do Brasil. No entanto, a sua pessoa poderá ser vista em qualquer cidade. Com a palavra, o mestre K:

“A coisa está pior do que se pode imaginar. O senhor se julga um escritor, um sujeito dotado de fantasia? Então acompanhe o que lhe vou contar, porque a sua imaginação vai aprender muito.

Eu fui nomeado para ser relator de uma dissertação de mestrado. Tudo bem, isso faz parte do meu trabalho. Por experiência eu sei que não devo esperar teses que revolucionem o mundo da ciência. Revolução? Menos, para que exagerar? A realidade já é um exagero. Para dizer a verdade, eu não devo esperar a mínima contribuição para qualquer coisa. Como eu sou um homem honesto, eu lhe digo que se esse fosse o critério, eu não estaria no lugar onde estou. Mas não ter esperança é diferente da mais completa desesperança. Acompanhe.

Quando eu havia corrigido cerca de 2/3 da tese, eu tinha contado cerca de 150 erros de português. Preste bem atenção. Eu não sou exatamente um cultor do português, a minha especialidade é outra. Mas havia erros crassos, gritantes até para mim. Agora olhe como as coisas andam na maior concordância orgânica. O que o trabalho não sabia de português, melhor ainda não sabia da ciência biológica. Que maravilhosa coerência, não é? Havia antagonismos, buracos, saltos, o diabo. Então chamei o aluno, contei-lhe o estado deplorável da sua tese.

O aluno, muito vivo, me respondeu então, na minha cara, pois a que cara ele haveria de falar, não é?... na minha cara ele me disse que não tinha tempo de fazer as correções antes da defesa, que já estava marcada para o dia 13 de abril, e que viria um outro doutor de Brasília para a banca examinadora, etc. Então eu disse a ele: ‘Escute, você me fez perder um tempo grande na correção. Mas se a data da defesa já está marcada e seu orientador acha que o trabalho está apresentável, não vou criar problema. Mas tem uma coisa: retire o meu nome de relator, certo?’

Não sei por que cargas d`água o futuro ‘cientista’ achou que a comissão examinadora poderia criar problemas se ele não recebesse ‘o apto a ser julgado’ do relator, no caso, eu. Por conta dessa dúvida, ele apareceu em minha casa acompanhado dos seguintes fundamentos teóricos e experiências de laboratório: o seu poderoso pai com mostras de riqueza nas roupas, nos sapatos, mencionando de passagem o carro importado, junto às mais importantes citações científicas, todas de nomes de políticos e de pessoas influentes da sociedade. Claro, como a visita era de amizade, como era uma política de boa vizinhança, trouxeram um litro de uísque antigo, cujo preço é o meu salário.... Eu não só dispensei o ‘presente’ como voltei a explicar tudo de novo: ‘O problema é seu e de seu orientador. O que vocês acordarem, pra mim está ótimo. Agora, não coloque o meu nome nessa história. Só isso’.

Bem, o ‘cientista’ defendeu o indefensável, não fez as modificações sugeridas por mim e pela banca examinadora, mas foi aprovado. Quando imprimiu os seis volumes da dissertação, deixou o meu nome como relator. Eu só não chamei o cara de santo. Então, fiz uma reclamação por escrito ao coordenador da pós-graduação e lhe disse que já era a segunda vez que me faziam de palhaço. E numa atitude radical, consegui apagar o meu nome em quatro dos seis volumes impressos, com corretivo. O pai do aluno, quando soube de minha atitude, o que fez? Imagine, o pai do farsante me ameaçou com um processo. Eu era o delinquente! Ainda bem que para a minha sorte, para que o pai indignado não levasse adiante o processo, não havia prova de que eu cometera o crime de apagar o meu nome. E para maior atenuante, ainda havia dois exemplares com o meu nome de relator.

Agora, vem a melhor parte: contando isso aos colegas em uma reunião do Departamento de Biologia, em vez de receber apoio integral pela minha atitude, eu fui acusado de estar com excesso de ‘preciosismo’ nas minhas correções. Os professores mais corruptos disseram que eu fui idiota, metido a Robespierre em não ter aceitado o litro de uísque do cara. Em nome até da boa convivência, eu nada respondi a quem me chamou de Robespierre. Minha cabeça podia ir para a guilhotina”.

E aqui termina a fala do mestre K. Acreditem os leitores, o narrado não é ficção. Acontece em muitos lugares do Brasil.



Sobre o autor deste artigoUrariano Motta - RecifeÉ pernambucano, jornalista e autor de "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do cabo Anselmo, executada pela equipe do Delegado Fleury com o auxílio de Anselmo. www.diretodaredação.com







  • Publicado em 02/02/2011



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Acervo Digital Revista Veja

Acervo Digital Revista Veja

Estou enviando um Link de acesso a todas as revistas Veja, editadas pela Abril nos últimos 40 anos. Da capa à contra-capa, incluindo todas as páginas.
É um trabalho impressionante e creio que servirá como fonte de consulta e garimpagem de dados para efetivação de eventuais trabalhos de pesquisa.
A revista VEJA abre todo o seu acervo de 40 anos de existência na internet.
Todas as edições poderão ser consultadas na íntegra em formato digital no endereço:
http://veja.abril.com.br/acervodigital/

A revista liberou o acervo em comemoração ao seu aniversário de 40 anos.
A primeira edição de VEJA foi publicada em 11 de setembro de 1968.

O sistema de navegação é similar ao da revista em papel: o usuário vai folheando as páginas digitais com os cliques do mouse.

O acervo apresenta as edições em ordem cronológica, além de contar com um sistema de buscas, que permite cruzar informações e realizar filtros por período e editorias.
Também é possível acessar um conjunto de pesquisas previamente elaborado pela redação do site da revista, com temas da atualidade e fatos históricos.
Com investimento de R$ 3 milhões, o projeto é resultado de uma parceria entre a Editora Abril e a Digital Pages e levou 12 meses para ficar pronto.
Mais de 2 mil edições impressas foram digitalizadas por uma equipe de 30 pessoas.
O banco Bradesco patrocinou a iniciativa.
Recomendem e repassem (se for o caso) aos seus filhos, familiares e amigos.

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Revista Em Debate - trecho para download

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No 4 (2010)

2º semestre 2010

Sumário

Editorial

Retorno da revista EM DEBATEPDF-A
i-ii

Artigos

Trabalho e ação: o debate entre Bakunin e Marx e sua contribuição para uma sociologia crítica contemporâneaPDF-A
Andrey Cordeiro Ferreira1-23
A saúde dos trabalhadores das minas de carvão da região carbonífera de Criciúma: Uma abordagem qualitativaPDF-A
Douglas Gava de Bona Sartor24-41
A Revolução Russa de 1905 e os Conselhos OperáriosPDF-A
Nildo Viana42-58
Historia contemporánea y crisis capitalistaPDF-A
Pablo Rieznik59-68
Racismo, xenofobia e inmigración en España (2000-2010)PDF-A
Yván Pozuelo Andrés69-92
Lutar para manter, lutar para romper: mulheres e a ditadura militar brasileiraPDF-A
Mateus Gamba Torres93-105
A Consolidação das agências reguladoras no Brasil: breve históricoPDF-A
Daniel Misse106-126
Controle e disciplina na organização capitalista do trabalho.PDF-A
Cleito Pereira dos Santos127-141

Resenhas

O que resta da ditaduraPDF-A
Maria Carolina Bissoto142-147

Normas para publicação

Instrução aos autoresPDF-A
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Rev. Bras. Hist. vol.30 no.59 São Paulo jun. 2010

Rev. Bras. Hist. vol.30 no.59 São Paulo jun. 2010

Sumário
Rev. Bras. Hist. vol.30 no.59 São Paulo jun. 2010
Apresentação



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Dossiê: História e historiadores



· Capistrano de Abreu, viajante
Gontijo, Rebeca

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· Fazer história, escrever a história: sobre as figurações do historiador no Brasil oitocentista
Oliveira, Maria da Glória de

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· O ofício do historiador e os índios: sobre uma querela no Império
Moreira, Vânia

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· A institucionalização dos estudos Africanos nos Estados Unidos: advento, consolidação e transformações
Ferreira, Roquinaldo

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· A teoria da história como hermenêutica da historiografia: uma interpretação de Do Império à República, de Sérgio Buarque de Holanda
Assis, Arthur

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· História do Brasil para o "belo sexo": apropriações do olhar estrangeiro para leitoras do século XIX
Jinzenji, M�?nica Yumi; Galvão, Ana Maria de Oliveira

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Artigos



· Um rei indesejado: notas sobre a trajetória política de D. Ant�?nio, Prior do Crato
Hermann, Jacqueline

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· Novos elementos para a história do Banco do Brasil (1808-1829): crónica de um fracasso anunciado
Cardoso, José Luís

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· A floresta mercantil: exploração madeireira na capitania de Ilhéus no século XVIII
Dias, Marcelo Henrique

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· Subsistemas de comércio costeiros e internalização de interesses na dissolução do Império Colonial português (Santos, 1788-1822)
Moura, Denise Aparecida Soares de

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· Modernizando a repressão: a Usaid e a polícia brasileira
Motta, Rodrigo Patto Sá

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Resenhas



· The case for books: past, present and future
Araújo, André de Melo

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· A experiência do tempo: conceitos e narrativas na formação nacional brasileira (1813-1845)
Caldas, Pedro Spinola Pereira

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· Os índios na história do Brasil
Garcia, Elisa Fr�?hauf

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Hitler e a Era da Comunicação

sábado, 5 de fevereiro de 2011
Gerhard Bartel, aos 4 anos de idade, em foto amplamente utilizada pela Propaganda Nazista













Falta informação no mundo da informação

Ao pesquisarmos no Youtube a expressão “14/88” encontraremos 4710 vídeos reelacionados. No Google o número sobe para assustadores 1.350.000 resultados. Mas o que isso tem a ver com informação? A famigerada “14/88” é uma ignominiosa referência ao nazismo e ao seu líder maior, Adolph Hitler. O número “14” é uma referência as 14 palavras da frase do neonazista David Lane: We must secure the existence of our people and a future for white children. 

Traduzindo: Nós devemos assegurar a existência de nosso povo e o futuro das crianças brancas. O “88”, significa “HH”, já que o H é a oitava letra do alfabeto, numa referência ao famoso “Heil Hitler”. Ou seja, a internet está repleta de pessoas desinformadas e, talvez por isso, ainda seduzidas pelas idéias do louco líder alemão que matou milhares de pessoas inocentes ou indefesas, em nome de um ideal de eugenia (limpeza étnica) e supremacia da raça ariana e alemã, sobre todos os povos. Mas a pergunta permanece: o que isso tem a ver com a informação? Simples, estamos rodeados de informações por todos os lados, porém dificilmente nos aprofundamos muito nelas. Assim, as idéias de um lunático morto há mais de 70 anos, ainda são propagadas como grandes ideais a serem seguidos. Afinal, se olharmos superficialmente, Hitler foi um grande líder. Herói da primeira guerra mundial, político de ascensão meteórica, gestor que transformou uma Alemanha, em ruínas, numa das maiores potências mundiais da época e líder de um povo desiludido que passou a acreditar em seu próprio país e em seu comandante. Naquela época, a propaganda de Paul Joseph Goebbels fazia de Hitler um herói e do Partido Nacional Socialista uma esperança de dias melhores para o país. As derrotas nas batalhas, durante a II Guerra Mundial, eram maquiadas como vitórias retumbantes e transmitidas pelos rádios, insuflando o espírito nacionalista e quase ufanista do povo alemão. Nos cinemas em Berlim, somente vitórias esmagadoras sobre ingleses, franceses e poloneses. Enfim, Hitler era um pop-star para o povo alemão de 70 anos atrás. Iniciou uma tática de controle da população através da mídia e foi seguido por diversos político-ditadores-midiáticos modernos, como Vargas, ACM e Sarney, só para citar alguns. Porém, quando os meios de comunicação em massa se limitavam a uma rádio controlada pelo governo, esse controle e essa adoração ao líder do III Reich eram compreensíveis. Mas hoje é indignante. Na era da informação, com milhares de relatos das atrocidades nazistas contra judeus, negros, homossexuais, ciganos e estrangeiros em geral, é inconcebível. O pior é saber que exemplos de preconceito contra negros, homossexuais, ciganos, brasileiros nordestinos (a SS não nos conhecia, graças a Deus) tornaram-se lugar comum na internet do país “mais tolerante do mundo”. Isso sem contar os casos de preconceito religioso, que levaram praticantes da umbanda e do candomblé a se declararem “espíritas” (neologismo criado por Allan Kardec para definir os seguidores da sua doutrina codificada) para fugir das hostilidades de católicos e evangélicos. É difícil entender isso hoje, quando a maioria esmagadora dos internautas nem era nascida quando ocorreu o suicídio do covarde líder alemão. Um triste retrocesso ao “pensar-se superior a alguém”. 

 Nos vídeos do Youtube aparecem comemorações ao centenário de vida (sic) de Hitler, discursos inflamados e aplaudidos do homem de bigode ridículo, marcha de milhares de soldados alemães representando a força nazista, entre outras imagens editadas. Alguns “produtores” dos vídeos defendem-se afirmando ser um trabalho acadêmico, e não um ato de apologia aos crimes do holocausto. Tirando alguns épicos, como “A Lista de Schindler” e “O menino do pijama listrado”, a grande maioria dos filmes de guerra preferem ressaltar o heroísmo dos soldados e não mostrar de forma contundente os crimes de guerras cometidos por ambas as partes. Nos canais de TV aberta documentários são raríssimos. Informação é raríssima. E assim vivemos eternamente de globorepórteres sobre a fauna, flora, alimentação, saúde ou a vida e morte de algum famoso. Creio não existir pessoas más, e sim, ignorantes. Acredito que se houvesse informação de qualidade, não teríamos tantos neo-nazistas e pessoas preconceituosas em nosso país. Mas como não estamos mais na era do rádio, e o Fürer foi covarde o suficiente para se matar antes de pagar pelas suas atrocidades, recomendo o vídeo-documentário “Auschwitz: os Nazistas e a Solução Final”, produzido brilhantemente pela BBC e Londres. É rapidinho, quase o tempo de um Big Brother Brasil. São quase 50 minutos de história que não deve ser esquecida, para não ser repetida. E você não precisa votar em ninguém. Hitler já foi eliminado.

Segue link do documentário com legendas em português:http://www.youtube.com/watch?v=OWuHkPfU7SY

http://portalliteral.terra.com.br/artigos/hitler-e-a-era-da-comunicacao
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Um homem (e um país) em formação

Um homem (e um país) em formação

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Um homem (e um país) em formação


Fonte: Jornal Diário do Nordeste

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Retrato a óleo de Capistrano de Abreu exposta no Instituto do Ceará. O cearense encontrou na pesquisa historiográfica seu ofício, ao qual se dedicou por mais de 40 anos
FOTO: MIGUEL PORTELA

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Ainda jovem, o cearense Capistrano de Abreu encontrou na História sua profissão, militância e sina. Dentre os historiadores da “Geração de 1870”, lançou-se sobre ele as expectativas de se ver escrita uma nova história do Brasil

26/12/2010

Em "Descobrimentos de Capistrano", o historiador carioca Daniel Mesquita se debruça sobre o pensamento do célebre Capistrano de Abreu, cearense que inaugurou métodos inovadores para a historiografia e as interpretações da construção do PaísO menino que aprendeu cantigas africanas com os escravos do sítio Columijuba, em Maranguape, ambientou-se nos costumes próprios da Casa Grande, estimulados pelo avô, Honório de Abreu. A míope e desasseada criança não tinha más notas na escola, mas não se interessava de todo pelo estudo regular. Era um leitor compulsivo, mas de outros livros. Segundo Rodolfo Teófilo, que com ele estudou no Colégio Ateneu Cearense, o menino carregava os livros aonde fosse, mesmo nas recreações promovidas mensalmente pela escola no Morro do Coroatá.

No Seminário Episcopal de Fortaleza, a instituição chegou a aconselhar o pai do garoto a levá-lo de volta para o sítio e lá dar conta de consertar sua preguiça e vadiação. Por não se enquadrar ao ensino formal, não conseguiu ser aceito na faculdade de Direito, decidindo se mudar para o Rio de Janeiro. E finalmente lá, o garoto leitor que se tornou homem feito, encontrou-se com a História e se deixou encontrar por ela, sendo mais tarde reconhecido por sua generosa contribuição ao estudo do tempo passado e ao registro da nacionalidade brasileira: o desajeitado e cegueta cearense Capistrano de Abreu.

De posse de todos os livros que quisesse, tendo passado em um concurso público para trabalhar na Biblioteca Nacional, Capistrano abraçou um tal desejo: escrever a História do Brasil, superando os muros do tradicional historiador Adolfo de Varnhagen, à época, o mais conhecido e respeitado estudioso do tema.

Colônia

Mas se Capistrano tinha mesmo essa ânsia por abarcar uma totalidade da história brasileira, porque acabou escrevendo uma história modesta, resumida em "Capítulos de História Colonial"? A ousada pergunta compõe o conjunto de questionamentos propostos pela pesquisa de doutorado do historiador Daniel Mesquita, da PUC-Rio, autor da obra "Descobrimentos de Capistrano: a História do Brasil ´a grandes traços e largas malhas´", lançado este mês pela editora Apicuri. No livro, o autor explora um Brasil e um Capistrano em latência. Objeto e pesquisador em constante transformação. Daniel contextualiza um Capistrano de Abreu testemunha de eventos cruciais para a formação nacional como a proclamação da República e a abolição da escravidão, um pesquisador que contribuiu ativamente não apenas para o registro desse País em transformação, mas para a constituição de um novo campo de saber.

Para tanto, o autor carioca faz uso de densa documentação, analisando não apenas as obras de Capistrano, mas teóricos, biógrafos e cartas enviadas pelo cearense a contemporâneos. A partir do material reunido, Daniel divide o livro em duas etapas: a elaboração de uma noção de Brasil e brasilidade por Capistrano e a formação do historiador e da historiografia como ciência.

Encontrados no Instituto Histórico e Arqueológico do Ceará, "recortes de jornais colados em papéis de punho do historiador cearense", como o próprio Daniel descreve, deram-lhe a oportunidade de perceber Capistrano dialogando consigo mesmo. É nesse sentido que o pesquisador carioca inova: por buscar a essência de um Capistrano em formação, que substituía palavras nos originais dos próprios livros, evocando significados mais aproximados do que realmente procurava dizer. Trocara, por exemplo, "unidade brasileira" por "nacionalidade brasileira", ressaltando sua intenção de traduzir o que chamou de "história íntima".

Em resumo, o pesquisador carioca declara que as ambições de Capistrano se confundem com as de todo um povo, que mesmo sem perceber ou declarar, também ansiava pelo registro de sua trajetória, pela identificação dos personagens anônimos que o precedera. "O desejo de decifrar o sentido da experiência vivida pelos homens e de oferecer à nação uma narrativa de sua gênese, dá-nos testemunho daquilo que Capistrano considerava como o sentido de realização de sua própria vida", afirma Daniel.

História do Brasil

Descobrimentos de Capistrano Daniel Mesquita

Apicuri
2010
263 páginas
R$ 48


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