"Adverse Genres in Fernando Pessoa"
Terça-feira, Fevereiro 02, 2010"Adverse Genres in Fernando Pessoa"
O Prof. K. David Jackson, professor de literatura na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, vai lançar brevemente um novo livro sobre Pessoa, intitulado "Adverse Genres in Fernando Pessoa". Trata-se de um estudo em volta de uma interessante teoria, que postula que Pessoa utilizava os formalismos próprios da poesia Ocidental (o soneto, a lírica, etc), mas com conteúdos muitas das vezes fora da norma. Numa interessante entrevista, que colocamos de seguida, o Prof. Jackson explica melhor o seu ponto de vista. Esperamos entretanto, assim que o livro sair, poder analisar mais a fundo o mesmo. Ps: em Maio Maio, na revista Colóquio Letras, sairá um artigo do Prof. Jackson sobre a recepção de Pessoa no Brasil, 7 colunas até agora desconhecidas da escritora Patrícia Galvão (PAGU), de 1950 a 1961. ("PG escreve sobre FP no Brasil"). O Prof. também participa com um ensaio no novo livro editado por Jerónimo Pizarro e Steffan Dix, que terá por título "Portuguese Modernisms - Multiple Perspectives on literature and the Visual Arts", com edição prevista para 2010/11. |
Estou fascinado por Patrícia Galvão. Indico esta autobiografia para tod@s. Colocarei aqui alguns trechos interessantes e depois podemos comentar um pouco mais.
http://amoroprasempre.blogspot.com/2010/01/paixao-pagu.html
"Durante todo o tempo em que convivi com meus, fui tratada por meus pais e meus irmãos mais velhos como é tratada a maioria das crianças. Eu não tive infância. Uma vez, você mesmo, Geraldo, falou na minha infância tranquila. Eu sempre fui, sim, uma mulher-criança. Mas mulher. E, ao contrário das outras, não me revoltava o trato infantil. Dissimulava minhas ideias formadas. Eu procurava parecer criança. Que complacência irônica quando comentavam minhas travessuras de criança! Era uma moleca impossível. Eu sabia que enganava todo mundo. Não havia nem conflitos, nem luta pró-independência. Eu me sentia à margem das outras vidas e esperava pacientemente minha oportunidade de evasão." (p.57)
"Há muitos dias não escrevo. Quando a luz brilha, só há luz e nada mais existe. E quando a angústia volta, ela é a vacilação constante. Tenho hesitado. Para que escrever? Para que tudo isso? Pense em desistir. Talvez não termine nunca. Essa pergunta-resposta para todas as perguntas e todas as respostas: 'Para quê? Para quê?'." (p.64)
"Eu me lembro que me considerava muito boa e todos me achavam ruim. As mães das outras crianças não queriam que eu brincasse com suas filhas... Só consetiam ali minhas irmãs. Eu nunca consegui perceber minha perversidade. Tinham me feito assim e jogado em paredes estranhas. Anda então sozinha." (p.53)
FERRAZ, Geraldo Galvão (org.) Paixão Pagu: uma autobiografia precoce de Patrícia Galvão. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
POSTADO POR LEONARDO PEIXOTO ÀS 16:53